Sinceramente, não sou daqueles que embandeiram em arco contra um eventual governo chefiado pelo PS, com o apoio, mais ou menos tácito, do PCP e do BE, uma vez achar que a legitimidade política não é de esquerda nem de direita, ou, dito de outra forma, sou dos pensam que os deputados da esquerda e até da extrema-esquerda foram igualmente eleitos por portugueses tão portugueses como quaisquer outros.
Contudo, uma coisa é legitimidade para governarem, outra, completamente diferente, é os interesses colocados sobre a mesa. Por isso, se me perguntarem se tal governo é o melhor para o país, aí direi que não, já que se trata de uma aliança entre políticas, pelo menos em matérias fundamentais – euro, União Europeia, pacto de estabilidade e crescimento, finanças públicas, segurança social, entre tantas outras -, diametralmente opostas.
Atenção, porém, ao estado a que o PS chegou. Perante a desilusão total e a desorientação completa dos seus dirigentes, há que dar a volta por cima, proporcionando, deste modo, algumas alegrias aos seus militantes, para não dizer cargos aos boys. Ora, tal pode ser a estratégia dos socialistas: fuga para a frente, varrer o lixo para debaixo do tapete, empurrar os problemas com a barriga e quem vier depois que feche a porta, porque a luz há muito que, nessa altura, já se terá apagado.