Volto de novo ao tema da função pública. Muita água tem corrido em torno das medidas colocadas em prática relativamente à reposição de salários e número de horas de trabalho semanal dos funcionários públicos. Trata-se de algo eficaz? Haverá uma relação directa com a produtividade? E os encargos salariais não aumentaram?
Pessoalmente, muito mais que salários e outras regalias, penso que existe um problema de motivação no sector público. Por um lado, não se fomenta a motivação positiva: em imensos casos não há diferença remuneratória entre os colaboradores que têm um desempenho medíocre e os que fazem um bom trabalho. Por outro, a improdutividade não tem consequências se o trabalho feito é de baixa qualidade, bem como não é possível substituir o trabalhador por outro com melhor performance.
Neste contexto, acredito que o facto de o posto de trabalho não ser assegurado de forma vitalícia faz com que o colaborador tenha de demonstrar a cada dia o seu valor, traduzindo-se num incremento de mais-valia.
Historicamente, o modelo da função pública foi muitas vezes tido como sendo demasiado complacente quando comparado com as regras do sector privado. E, em termos de equidade entre estas duas vertentes da economia nacional, não me parece que o modelo adoptado por este governo seja mais eficaz. Muito embora compreenda que o número de votos em questão não seja, de modo algum, despiciendo. Este governo não se está “lixando” para as eleições!
O sector público está a travessar uma reestruturação. Duvido é que seja para melhor, apesar de ainda ser cedo para antever todas as consequências, nomeadamente a nível económico.