Várias vezes referi que é necessário passar da palavra aos actos e que a intenção de agir não é suficiente para ultrapassar os desafios. Aliás, já lá diz o ditado “de boas intenções está o Inferno cheio”.
Neste contexto, as decisões que resultaram do empenho, em sede de concertação social, a propósito do aumento do salário mínimo representam um passo positivo na caminhada para a recuperação económica. Pode-se argumentar que o aumento é diminuto e que 20 euros não representam nada. É evidente que sim para quem ganha milhares. Contudo, para quem ganha pouco alguma coisa é melhor que nada. E, como bem sabemos, o país, ou melhor, a maioria das empresas não têm margem de manobra para muito mais. É fácil pedir muito para quem não tem responsabilidades e, sobretudo, é preciso recordar que mais vale ganhar pouco que estar no desemprego.
As medidas de flexibilização do mercado de trabalho são impopulares, mas são positivas para criar as bases de um futuro crescimento económico assente em mais emprego. É certo que numa abordagem primária, diria até demagógica e populista, argumentarão que é mais fácil despedir. Ora, é precisamente o contrário e o exemplo vem da administração pública, tanto central como local, onde durante décadas se contratou a eito e se empregou toda a família.
O modelo laboral que vigorava não servia, não era justo e muito menos competitivo. Foi esta a tragédia social - que agora pagamos – instalada durante dezenas de anos e assente numa ortodoxia cega do emprego para a vida inteira.
A maior parte das medidas são antipáticas junto de um determinado sector sindical. Todavia, há que as encarar como um medicamento difícil de tomar, mas que poderá ser a única via para a cura definitiva de um sistema doente.