A ética e a moralidade – não serão conceitos muito semelhantes? – sempre estiveram mais ou menos arredados do múnus político. Agora, fala-se um pouco mais, já que a acutilância e pertinência do tema estão na agenda diária, mercê de um acrescento, o qual não é despiciendo, bem como pelos alertas constantes da opinião pública.
Há umas boas dezenas de anos, um autarca do Minho foi vilipendiado, e bem, na praça pública por nomear como seu chefe de gabinete a própria mulher. Respondeu que sendo um lugar de extrema confiança, ele não depositava tal em mais ninguém que a própria esposa.
Hoje, mercê da banalização dos costumes, acentuada com a quase ausência de bons hábitos e, sobretudo, públicas demonstrações de interesse público, tal facto seria corriqueiro e não passaria de nota de rodapé de qualquer órgão de comunicação regional.
A recente remodelação governamental, prova acabada de fim-de-linha, acabou por meter à mesa do Conselho de Ministros marido e esposa, assim como pai e filha. Isto para não falar de assessores e demais quejandos. Afinal, só não entrou o cão, o gato e o periquito porque os estatutos do PS não permitem ainda, friso o ainda, a inscrição destes e de outros animais domésticos.
Bem sei que ninguém deve ser ostracizado de qualquer cargo por ser esposa/marido, pai/filha ou por outra relação de parentesco mais ou menos próxima. Porém, que é estranho é. Já agora, imaginam um governo constituído por pai, esposa, filhos, irmãos, sobrinhos, cunhados, primos e demais familiares directos? Possível é. A lei não o proíbe.