Agradável, divertido, sorridente, moderno, popular e emotivo. Marcelo Rebelo de Sousa (MRS) é, como pessoa, o oposto dos seus antecessores e sobretudo de Aníbal Cavaco Silva. Sempre o foi e, nestes primeiros meses desde que chegou ao Palácio de Belém, mostrou que também quer ser o contrário dos seus antecessores no exercício da função presidencial, apesar de alguns terem uma tendência constante de o comparar única e exclusivamente com o que o precedeu. A memória é curta e em política ainda o é mais
É incomparavelmente mais aberto do que os seus antecessores, que, por vezes, até pareciam ter receio de falar com as pessoas comuns. Ao invés, o actual PR nada como peixe na água no meio do povo. Foi um ilustre professor de Direito, mas isso não o impede de partilhar anedotas e episódios engraçados com os mais humildes, de os ouvir e falar com eles a mesma linguagem de modo que todos compreendam.
Sem dúvida que é um homem afectuoso e simultaneamente muito inteligente. Porém, como não há bela sem senão, muitas vezes, por voluntarismo ou nem tanto como isso, extravasa as suas funções, intrometendo-se na esfera governativa, mais parecendo chefe do executivo que primeiro magistrado da Nação. A sua costela de comentador, que tarda em desaparecer – será que alguma vez o vai abandonar? – leva-o a analisar tudo e todos, amealhando tempo de antena que qualquer outro político gostaria de simplesmente de lhe roçar os pés.
O seu lado frenético e impulsivo demanda-o a querer estar em todo o lado. Do ex-Presidente e fundador do PS, contava-se em tempos, e em termos de anedota, que Deus estava em todo o lado, mas Mário Soares já lá tinha estado. Por isso MRS nunca cumpre a sua agenda oficial. Quando os jornalistas, que cobrem os seus actos, contam ir a dois ou três eventos, no final do dia contabilizam sempre o dobro, senão o triplo.
Bem sabemos que, em termos de popularidade, ninguém rivaliza com ele. Todavia, sei por experiência própria que agradar a gregos e a troianos é impossível. Até Jesus - de quem um dia afirmou que nem que descesse de novo à Terra seria líder do PSD, acabando por ser desmentido por ele próprio -, até Jesus, repito, que foi o Santo que foi não conseguiu agradar a todos, como pensa ele conseguir?
Depois, com toda a franqueza, se existem coisas de que não gosto é da ausência de agradecimento. Bem sei que depois de eleito passou a ser o Presidente de todos os portugueses. E que não deve ter uma postura de facção aceito e aplaudo. Todavia, andar constantemente com este governo ao colo, com encómios perfeitamente desnecessários e, acima de tudo, com a depreciação da actuação do anterior governo, como foi a sua análise relativa ao feriado do 1º de Dezembro, também é demais.