O meu ponto de vista

Abril 10 2018

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Tempos houve, aliás não muito distantes, em se podia dizer “caramba, nunca mais chove” Estávamos cansados, numa primeira fase, de tanto calor; numa segunda, de tanto frio. Água é que nem vê-la. E como a sua ausência se estava a sentir. Recordo que em Dezembro e até em Janeiro p.p. se registaram incêndios, ainda que de pequena monta.

Bem sei que o homem, por natureza, é um animal insatisfeito. Todavia, com toda a sinceridade, acho que agora já basta. Alguém me consegue o endereço de S. Pedro para lhe pedir, de viva voz, que, por umas semanas, feche as torneiras?

Não sou dos pretendem ter sempre chuva no nabal e sol na eira. Contudo, neste momento em que os campos estão completamente encharcados, em que se corre o risco sério de perder as poucas culturas que, por entre os pingos da chuva, se conseguiram fazer, em que não se podem, nos tempos mais próximos, realizar as sementeiras que já deveriam ter sido feitas há meses, é altura apropriada - crendo sempre que a Divina Providência sabe sempre o que é melhor para nós – para aqueles que dependem sobretudo da agricultura poderem livremente exercerem o seu múnus.

publicado por Hernani de J. Pereira às 14:29

Abril 30 2015

Agora que a chuva finalmente regou os campos e reverdejou a paisagem, é a altura ideal para o sol nos inundar com os seus raios. Todos, sem exclusão, agradecíamos, tanto mais que a chuva quando se prolonga por vários dias e/ou semanas também é maléfica. O seu regresso num dia ou melhor, numa noite por semana, evitando desse modo a rega, seria o ideal. O resto do tempo que venha calor sob um céu azul.

Os dias são mais longos, todos notamos, e precisamos que sejam mais luminosos, de modo a que – preferentemente de mansinho – o calor se instale. Necessitamos que a vida possa girar em torno da oportunidade de desfrutar de tudo o que tem de melhor, debaixo do mais convidativo dos sóis. Um aparte para dizer que, muitas vezes, o trabalho também se transforma em prazer.

Não querendo, de modo algum, contradizer o que há dias aqui escrevi, começa a apetecer estar com os amigos, colocando, assim, a conversa em dia, recuperando energias num ou noutro fim-de-semana mais prolongado, deixando-se conduzir pelos prazeres da gastronomia ou pela (re)descoberta da história.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:22

Abril 20 2015

Quando, como aliás foi amplamente noticiado, 90 % do país sofre de seca média e o restante de severa, é criminoso dizer para a chuva nos abandonar.

Quando as estatísticas demonstram que este ano foi o menos chuvoso das duas últimas décadas e o mais frio dos últimos 15 anos, é aviltante afirmar que é tempo do bom tempo se instalar. É caso para perguntar: ainda querem mais?

Já agora, a talhe de foice, como pensam que os produtos agrícolas se criam? Sem água e apenas com muito sol? Bem, o outro dia, a alguém a quem colocava esta e outras questões interrelacionadas, foi-me respondido: “mas, qual é o problema? Se não produzirmos, os produtos vêm do estrangeiro!” Oh, santa ignorância! Então, não são capazes de se lembrar que existem muitos e muitos portugueses que dependem única e exclusivamente da agricultura e se esta não produzir vão engrossar ainda mais a crise económica e social já fortemente instalada? Depois, sem produtos genuinamente portugueses, sobretudo aqueles criados com a água da chuva, como ficaria a nossa gastronomia? Terceiro: se passássemos a comprar todos ou quase todos os produtos agrícolas que consumimos como ficaria a nossa dívida?

Ah, pois, esquecia-me que todos os desejos manifestados têm como único fito o irem para a praia e esparramarem-se ao sol ou, então, sentarem-se numa esplanada qualquer a beber uns finos e a comerem uns bons pratos de caracóis.

Em jeito de conclusão, direi que, pelo menos aparentemente, a crise no sistema de ensino em Portugal já tem mais de 40 anos, uma vez constatar que pessoas existem que o pensar não é o seu forte e, ainda por cima, o que é pior, possuem um ego que de aluído nada tem.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:23

Setembro 28 2013

As vindimas, apesar da chuva torrencial, efectuadas este fim-de-semana correram bem, tanto em grau alcoólico como em quantidade. Muito longe do tom edílico e romântico que muitos lhe atribuem – gostava de os ver vindimar e carregar os baldes de uvas debaixo de intensa chuva -, manda a verdade dizer que o enorme trabalho de um ano inteiro deu os seus frutos.

Para além da vindima debaixo de chuva diluvial, houve que percorrer dezenas de quilómetros, em cima de um tractor, nas mesmas condições climatéricas, com vista a entregar as uvas nas caves. Mudei de roupa várias vezes nestes dois últimos dias, secadas à força do lume constantemente aceso na lareira, sem me queixar e muito menos deixar de agradecer a Deus.

Hoje, da parte da tarde, foi de descanso. Presumo que merecido. Porém, o Altíssimo saberá melhor que eu. Sei, porém e de fonte segura, que o FC Porto ganhou e o Benfica empatou. O que se pode pedir mais?

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:48

Abril 19 2011

A anunciada chuva voltou a escurecer o horizonte, o que aliado à previsão meteorológica muito instável, anuncia mau tempo para a Páscoa. Nada que já não estivéssemos à espera.

Como em tudo na vida, o que é bom para uns é mau para outros. Face à extemporânea onda de calor os campos estavam a ficar muito sequiosos, pelo que os agricultores foram os primeiros a agradecer e somente pedem que a chuva não seja torrencial e/ou acompanhada de granizo. Já os segundos, isto é, aqueles que se encontram de férias, a indústria hoteleira e outros prefeririam, de longe, continuar com aquele maravilhoso tempo que, pasme-se, até dava para, em meados de Abril, fazer praia.

Aparentemente, sobretudo no olhar dos mais incautos, só é bom para os que cultivam a terra, mas se atentarmos bem, já a curto prazo, é-o para os todos os actores. No fundo, cedemos facilmente ao pecado da gula – recordo o tempo quaresmal que atravessamos – que deita tudo a perder.

Na verdade, sob a aparência de uma maior equidade, o actual estado do tempo apenas trará vantagens aos lavradores, que integram nos respectivos métiers a água que, por agora, ansiavam. No entanto, pela via da diminuição da pluviosidade e, essencialmente, pelo aumento anormal da temperatura, o anterior quadro, tal como se encontrava desenhado, faria bem ao turismo, mas, não tardaria muito, traria a aquisição de mais produtos alimentares – lembro que estamos à beira da bancarrota, ou seja, sem dinheiro para comprar o que quer que seja ao estrangeiro – com o consequente detrimento da nossa já tão débil situação económica.

Num cenário de incertezas económicas, para não falar das morais e culturais, e sem ignorar a necessidade da sustentabilidade do sistema económico no seu todo, o agravamento das condições de sobrevivência de muitos agricultores jamais é uma boa solução para o país, mesmo que, no imediato, destas opções resulte um relativo aumento de receita.

É que, por muito que relutantemente tenhamos coragem em o admitir, estamos a olhar de frente para um deserto cuja travessia parece demorada, e os oásis não se encontram ao virar da duna mais próxima.

publicado por Hernani de J. Pereira às 14:56

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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