Apesar de registar pessoalmente alguns pontos de vista comuns e outros em que o desacordo é quase total, não quero, contudo, deixar de dar aos leitores uma perspectiva diferente das muitas análises que, sobre esta temática, habitualmente, se encontram publicadas.
O jornal Público de 25 de Março p.p. trazia uma entrevista com o pediatra francês Aldo Naouri, autor do best-seller Educar os Filhos: Uma Urgência nos Dias que Correm, no qual defende uma educação sem relações democráticas, onde as crianças são postas no seu lugar, que é de obedecer sem questionar.
Na citada entrevista refere que os pais e os filhos não estão no mesmo nível geracional, entre o pai e a criança a relação é vertical. Ao educarmos a criança, queremos elevá-la, fazê-la ascender ao nosso nível, ou seja, partimos do bebé para fazermos um adulto. Quando damos uma ordem e a explicamos, a relação vertical torna-se horizontal porque permitimos à criança que possa negociá-la.
Mais adiante alude que os pais não devem nunca pedir desculpa mesmo quando erram. Devem falar com firmeza e ternura. Nunca temos de nos justificar, nem dar argumentos á criança. Podemos explicar, mas não justificar.
E continua quando dizemos «não» estamos a impor limites, estamos a dizer à criança: «o teu percurso é por cima desta ponte e esta tem parapeitos para que não caias à água». Se os pais disserem «não» com tranquilidade, a criança não vai contestar.
E conclui dizendo que os bons pais são os que permitem à criança poder desejar. Os excelentes não existem. Todos os pais têm defeitos. Os maus são os que acham que a criança tem direito a tudo
Os pais devem ser pais, que não tenham medo de o ser e de ter confiança. Se assim agirem saberão o que fazer.
Hernâni de J. Pereira