Em tempos que já lá vão, mas não muito distantes, o dia-a-dia das escolas era substancialmente diferente. Dois simples exemplos: qualquer ideia que não coincidisse com a vulgata sindical-comunista ou pseudo-esquerdizante dificilmente ou nunca vingava; um projecto ou actividade que não surgisse da iniciativa dos grupos pedagógicos, a esmagadora maioria liderados por gente que se não eram da esquerda caviar para lá caminhavam, só com muita persistência e sabiamente cheio de razão é que ia avante.
Os professores achavam-se donos e senhores da escola. Aliás, quando o pessoal não docente e pais/encarregados de educação ganharam foros de alguma cidadania na escola e, assim, conseguiram que os seus votos também contassem para a eleição do órgão de gestão foi quase como tivesse caído o Carmo e a Trindade.
Um sindicalismo atroz e atrofiante, em que as ingerências na vida das escolas era uma constante, deu origem ao que ainda hoje se paga, i.e., à má visão que a opinião pública tem dos professores. E ai daqueles que, de um modo ou de outro, tentaram outra via. Foram esmagados sem dó nem piedade. Existem ainda muitos que sobreviveram àqueles tempos e, de certo modo, permanecem na crista da onda? Claro que sim. Naqueles tempos baixaram-se, afirmando que não podiam lutar contra tudo e contra todos, por muito que convictamente fossem da opinião que tal estado não podia persistir. Como alguém disse “outros valores se levantaram” – leia-se o apego ao poder. Naqueles tempos, não havia a moda das selfies, mas se sim então teriam sido campeões. Para isso tinham jeito.
O mais engraçado é que investidos em novas funções, com outros atributos e competências, fazem agora, e de forma muito mais grave, aquilo que por puro sofismo não se atreveram a fazer noutros tempos.
Ainda mais dignos de fortíssima crítica são aqueles que tanto lutaram contra o trabalho abnegado, o bom senso, a ordem e a disciplina, sejam agora agentes perfeitamente passivos, acomodados, pacientes e aceitadores de toda e qualquer prepotência. Nomes que poderia aqui citar? Seriam páginas e páginas. Porém, não valem o tempo que perderia em tal obra.
ADENDA: para completo esclarecimento informo que já estou no último escalão, pelo que os 9 anos, 4 meses e 2 dias não me afecta directamente.