É chegada a altura de fazer o balanço de 2013. Não foi tão difícil quanto os velhos do Restelo apregoavam, mas também não foi tão fácil quanto alguns arautos messiânicos nos quiseram impingir. Existem cerca de, pelo menos, uma dúzia de temas que gostaria de abordar, tendo como prespectiva, evidentemente, o que aconteceu no ano transacto. Não sei se terei tempo e, sobretudo, capacidade para os abordar todos. Começarei por um assunto que é e continua a ser uma chaga da nossa sociedade: o desemprego.
Durante estas festas natalícias perguntei a uma amiga minha, recentemente desempregada, o que se poderia fazer para animar as pessoas, torná-las mais combativas, menos acomodadas e, principalmente, automotivadas. Respondeu-me que bastava dizer-lhes “tens trabalho”!
Infelizmente, nem todas as pessoas conseguem “ver” o outro lado e, por isso, aquela frase não chega. Nestes momentos de crise, tão agudos e quase crónicos, é fácil cair no irrealismo e no desânimo. Não há dúvida que existe um sentimento de perigo eminente, para não lhe chamar medo, no olhar das pessoas que se cruzam diariamente connosco.
Não há nenhum de nós que não conheça alguém desempregado, pois em cada 100 portugueses há 17 desempregados e, segundo consta, estes números pecam por defeito. Quantos não perguntam: “serei o próximo”? Situações que até há pouco dávamos como adquiridas estão, hoje, a ser constantemente colocadas em causa, abaladas e até mesmo destruídas. É como se os dias passassem a ser a preto e branco, sem cor, num filme triste, aliás em comum como foi o dia de ontem, o de hoje e será o de amanhã.
Desde criança que ouvi falar de desgraças no mundo. Quem não se recorda de Bengladesh, Etiópia, Corno de África e outros lugares do 3º mundo? E não é verdade que o império romano, egípcio, fenício, entre outros, caíram? Só que para nós, aqui em Portugal, isso era com “os outros” e em lugares ou tempos longínquos. De repente – bem, não foi assim tão de repente! -, a acrescentar à crise de valores, sintoma que já abordei por variadas vezes, percebemos que não podemos contar com nada como adquirido.
Somos todos iguais e estamos todos aqui!