A sociedade ocidental atribui, cada vez mais, um valor maior à passagem de ano, fruto da deslocação da população para os grandes centros urbanos, definindo como estratégico o mosaico consumista. Este novo conceito atribui ao mundo rural valores mais intangíveis, não obstante o facto dos “homens da terra” continuarem a ser um pilar fundamental das nossas sociedades, mesmo aquelas com tendências mais liberais.
Na verdade, no mundo rural, a diferença entre o 31 de Dezembro e o 1 de Janeiro é escassa, para não dizer nula, uma vez que aquilo que se faz num dia, na maioria dos casos, faz-se de igual modo no dia seguinte.
A paisagem portuguesa foi, desde sempre, moldada pelas necessidades alimentares, energéticas e, ultimamente, principalmente sociais. Por isso, a diminuição do número de agricultores – lógica, acrescento eu – deu como resultado a mudança do nosso modo de sentir e olhar o que nos cerca.
Como consequência de ano após ano de abandono – a desvalorização, como é óbvio, tem os seus efeitos – de ocupação agrícola, temos actualmente uma paisagem, no país inteiro, é claro, descaracterizada, em que o referido mosaico é, maioritariamente, delimitado por estruturas artificiais.
Optimista incorrigível, sonhando sempre que o amanhã será sempre melhor que o hoje, e apesar deste mosaico disfuncional, não me inibo de desejar a todos
(imagem retirada da Net)
BOM ANO NOVO