Os graves problemas por que passa a humanidade, como sejam o emagrecimento demográfico, resultante da quebra da natalidade, a racionalização dos recursos materiais, senão para todos, pelo menos para a maioria, com o consequente aumento da pobreza, o consumismo desenfreado, entre tantos outros, levaram o Papa Francisco a emitir várias declarações e a escrever uma extraordinária exortação apostólica.
Se até aqui podemos afirmar que nada se novo se passa na Cúria Romana, uma vez que qualquer um dos seus antecessores mais próximos de igual modo procedeu, o caso muda de figura quando lemos os textos.
Com toda a franqueza, parece haver um claro propósito de mudar algo na anquilosada estrutura vaticana, como alguns costumam designar. Sublinho parece haver, já que é ainda muito cedo para aquilatar das verdadeiras intenções do Sumo Pontífice e, fundamentalmente, da sua postura futura.
O certo é que o actual Papa está - perdoem-me a expressão plebeia - na “berra”. Foi considerado o Homem do ano e capa da prestigiadíssima “Time”, não havendo hoje político – então se for de esquerda nem se fala – que não o cite por tudo e por nada.
Outro dia, uma amiga minha, de esquerda e sindicalista dos quatro costados, telefonou-me, propositadamente, para me dizer que estava a ler a Primeira Exortação Apostólica - Evangelii Gaudium, ou, na sua tradução, Alegria do Evangelho - e que estava a adorar, acrescentando que se fosse por este sucessor de Pedro, até estava na disposição de se (re)converter.
O próprio Mário Soares, um agnóstico de primeira água, António Arnout, maçon e ateu assumido, sindicalistas da CGTP, bem como muitos outros, têm-se socorrido das palavras daquele para afirmarem, alto e em bom som, que têm inteira razão, força esta que retiram das locuções de Francisco.
Ora, como católico convicto e praticante – abro parênteses para dizer que não existem católicos não praticantes, i.e., ou são praticantes e podem-se intitular como tal ou, caso contrário, … -, apesar de gostar de ver como os não crentes andam com Francisco nas palmas das mãos, não me esqueço de três coisas:
- Logo após a sua eleição, como sucessor de Bento XVI, muita gente de esquerda houve que o acusou de ter pactuado com a ditadura militar argentina de Videla, tendo chegado ao cúmulo de lhe imputar o facto de estar por detrás da morte de alguns sacerdotes e leigos menos ortodoxos.
(Continua)
Adenda: O Papa Francisco faz hoje 77anos. Muitos parabéns e que o Senhor lhe dê muitos e bons anos, pois “a seara é grande e os trabalhadores são poucos”.