As elites portuguesas, de certo modo, detestam os alemães. Então, a intelectualóide esquerda-caviar nem se pode ouvir falar. Concordando que são mais frios e menos sentimentais que nós, o que acarreta menor emoção e, sobretudo, inferior caloricidade humana, manda a verdade dizer que não são tão maus como se pintam. A superior racionalidade é uma arma poderosa!
O outro dia, uma pessoa amiga, há muitos anos a trabalhar naquele país, dizia-me que “a mentalidade alemã é substancialmente diferente da portuguesa em vários domínios, nomeadamente no que diz respeito ao cumprimento de horários. Os alemães são altamente pontuais, enquanto os portugueses pecam pelo fraco rigor, como é exemplo a celebérrima tolerância académica de 15 minutos”.
Por outro lado, continuou aquele, “a frontalidade denotada pelos alemães é uma característica fundamental, por oposição à cultura portuguesa que procura resolver as coisas com maior formalismo, quando não deixa ao sabor do desenrascanço. Depois há a aceitação tácita das regras de trabalho, bem como a não criação de estereótipos, mesmo que isso implique só ter escassos 30 minutos para almoçar, algo que é impossível por cá”.
Todos sabemos o que a maioria dos alemães pensa de nós. Agora que uma delegação de vários jornalistas, a trabalhar nos mais importantes media alemães, se desloca a Portugal com vista a relatarem como vivem os portugueses esta grave crise, faço votos para que a opinião daqueles mude, tanto mais que isso só nos beneficiaria.