Novamente volto ao tema da educação. Como é costume dizer “deve malhar-se no ferro enquanto está quente”.
Quando se começa a preparar um novo ano lectivo e se pretende pensar qual o caminho a seguir, é importante lembrar que nem todos os pontos fortes são úteis, nem todos os pontos fracos são limitações, tal como não se deve considerar que todas as oportunidades são oportunas e todas as ameaças são perigosas. Nas encruzilhadas da vida de uma escola há que ponderar tudo isto, tendo sempre em atenção o enquadramento, o momento e, sobretudo, as necessidades.
Sempre se falou da crise – é certo que hoje mais que nunca – e muito se fala da sua ligação com “oportunidades”. Eu próprio já aqui abordei esta temática por diversas vezes. Mas, a oportunidade de crescer com a crise coabita com a ameaça de ser vencido pela mesma.
Também sobre a escola muito se comenta. Fala-se dos professores do quadro sem horário, os célebres horários-zero, dos milhares de candidatos à docência que não conseguiram contrato, da constituição de turmas, da redução do número de alunos, entre tantos outros assuntos relevantes.
E a propósito da redução de número de alunos nas nossas escolas é bom reflectir sobre dois ou três tópicos. O primeiro, e apontado por todos, alude à diminuição da natalidade, facto indesmentível, uma vez que as estatísticas, sem margem para dúvidas, o demonstram. Para piorar o mal-estar, as projecções admitem que, dentro de três ou quatro anos, teremos cerca de quarenta mil crianças a menos no ensino obrigatório. Depois há uma acentuada deslocação de alunos do ensino público para o particular e cooperativo, motivo que nos deve levar a pensar seriamente nos porquês, sem demagogias, sem “tiros nos pés”, de cabeça arejada, livre de ideologias que nos formataram – e querem formatar – durante uma vida inteira. Relembro apenas isto: muitos professores do sector público existem que têm os seus filhos em escolas particulares, não acreditando, de modo algum, que é apenas por uma questão de proximidade e/ou comodidade. O terceiro ponto refere-se a casos concretos de diminuição de alunos de uma determinada escola por efeito de deslocação das crianças e jovens para outras escolas, com a agravante dos pais, professores nessa escola, posteriormente se queixarem de não terem horário. Pudera!
Neste último caso, podem argumentar com a necessidade dos seus educandos frequentarem outras ofertas educativas, irem para escolas com melhor qualidade(!!!), ou porque os colegas desde a escola primária – não se ofendam os puristas, pois tenho o maior respeito por quem ensina as primeiras letras – também vão para cidade e, por essa razão, não se querem separar, etc., etc. A verdade é que todos estes argumentos são falaciosos e, por isso, facilmente desmontáveis. Por estar ao alcance de todos a sua compreensão, escuso de vos maçar, tanto mais que a crónica já vai demasiado longa.
Continuação de bom ano lectivo.