São por demasiadas conhecidas as minhas profundas divergências com o pensamento e, sobretudo, com a prática seguida pelos governos de José Sócrates. Escrevi e voltarei a fazê-lo, tantas vezes quantas as necessárias, “apesar de não ter sido o único, foi um dos maiores coveiros de Portugal”. Muitíssimas das provações que actualmente passamos devem-se ao seu desvario.
Todavia, uma coisa foi a sua praxis, outra, bem diferente, é a sua liberdade. Nesta ordem de ideias, por muito que custe aos meus amigos, alguns insuspeitos de ligação ao meus ideais políticos, não posso, de modo algum, concordar com a limitação da daquela. E isto aplica-se a fulano A ou sicrano B, pois a não ser assim, a maioria dos comentadores estaria banido dos nossos meios de comunicação social, essencialmente, da televisão.
Mais: estando, em termos de share, a RTP em baixa e sendo os custos desta emissão gratuitos ou quase, bem como tendo em perspectiva, como, aliás, lhe é devido e pedido insistentemente, o aumente as audiências, mais não faz que a sua obrigação. Proceder de outro modo é que seria de estranhar.
Agora, a verdade é que não sei quem lançou, nas redes sociais, a questão de impedir ou reforçar a ida do ex-primeiro-ministro à RTP. Contudo, de forma voluntária ou não, o certo é que esta estação de televisão deve estar a esfregar as mãos de contente, pois as audiências, nesse dia, aumentarão e de que forma. Será exponencial e tudo graças à publicidade dada por aqueles que o não queriam.
Com esta posição não quero dizer que concorde com o regresso de José Sócrates à ribalta política. Bem pelo contrário. Pois, por um lado, acho que os portugueses não têm uma memória assim tão curta, por outro, por ter plena consciência de que o período de “nojo” que aquele se deveria resguardar está muito longe do seu fim. Resumindo: que tem todo o direito, tem; que eticamente, ou melhor, moralmente é condenável, é a mais pura das verdades.