Definitivamente, temos de trabalhar em conjunto. Ou partimos de abordagens imperfeitas, é certo, para tentar fazer algo de melhor, ou apoiamo-nos num imobilismo que tem tanto de crítico como de estéril.
Afirmar, como António José Seguro faz, que “não contem connosco para cortar seja o que for”, quando se sabe que o dinheiro não chega para tudo, não é sério e, sobretudo, demonstra uma enorme desfaçatez e uma demagogia a raiar o absurdo.
A conjugação das iniciativas governamentais com as propostas do maior partido da oposição, e por isso detentor de força integrante do arco governativo, não só é necessária como imprescindível, uma vez que, somente deste modo, se poderá impulsionar o funcionamento de um motor cuja engrenagem, para além de não andar para a frente como era sua obrigação, tem estado em marcha atrás. Recusar liminarmente percorrer este caminho para além de revelar um despautério a toda a prova, denota pouco ou nenhum sentido ético. Afinal o dever patriótico, com que constantemente enchem a boca, não passa de mero populismo, senão mesmo falácia completa.
Todavia, ao primeiro-ministro, bem como aos restantes elementos do governo, compete também, a todo o passo, tudo fazer - o que nem sempre tem acontecido - para que se estabeleça o mínimo de consenso com o PS e outras forças representativas da sociedade, como é exemplo a UGT, as quais preconizam um país moderno, europeu e livre das peias financeiras que anos e anos de desvario nos conduziu.
Nunca tivemos à frente dos dois principais partidos pessoas tão novas como agora. É, porém, correcto dizer igualmente que sem experiência de vida. Tem benefícios? Sim. E inconvenientes? Certamente que respondemos positivamente. Aliás, como tudo na vida, existem uns e outros. Tenho receios é que os segundos suplantem os primeiros. Ora, sendo praticamente uns jovens é importante que aprendam, pois estão numa boa idade para isso, a trabalhar num paradigma completamente diferente do que tem sido até aqui, adaptando-se às circunstâncias difíceis do momento e imprimindo um dinamismo tal que nos faça ver que o futuro não será tão negro como nos parece.
É muito importante ser competente. Mas hoje-em-dia isso não basta, pois a sociedade não tem sido capaz de resolver os assuntos mais prementes, por muito inteligentes que sejam os seus dirigentes. Há que tomar consciência que a validação das competências e das lideranças passa fundamentalmente pelos consensos. E estes faltam como pão para a boca.