Apesar de todos, ou melhor, quase todos, uma vez que ainda existem idealistas que acham que podemos viver eternamente com dinheiro emprestado, sabermos que necessitamos de “emagrecer” e que isso implica necessariamente cortes nas já estafadas, por tanto se ouvir e nada se fazer, gorduras do Estado, o certo é que subsistem sectores em que as oportunidades de “fazer” dinheiro ainda existem.
Independentemente de oportunisticamente se demandarem manifestações, com pessoas mais ou menos fardadas, reivindicando ainda mais benesses e lutando contra a perca de autênticas regalias, manda a verdade dizer que os militares são uma casta privilegiada, onde a antiguidade ainda é um verdadeiro posto.
Por exemplo, anteontem soube-se que um sargento, aquando do início de carreira ganha cerca de 1 300 euros “limpos”, isto sem contar com transporte, alimentação e fardamento gratuito. Pergunto: qual o licenciado, o qual tem, à priori, maior habilitação académica que aquela patente, que no seu começo profissional ganha aquele montante? E não me venham com a cantilena que os não militares podem ter mais que um emprego ou, então, da perigosidade que aqueles estão sujeitos.
Mais: se o mesmo sargento fizer uma comissão no Afeganistão, para além das regalias mencionadas anteriormente, passa a auferir mensalmente uma quantia superior a 3 000 euros. Por isso é que as nossas missões no estrangeiro, apesar de nos custarem os olhos da cara, não terminam, uma vez que é necessário satisfazer aqueles que têm as armas. Também não é por caso que o exército francês terminou ontem a missão de combate no Afeganistão. Mas aqui compreende-se, pois a França é muito mais pobre que nós.
Por outro lado, não é despropositado indignarmo-nos ao ver que o orçamento inerente às funções sociais do estado – educação, saúde e solidariedade social – sofrerá um enorme corte em 2013, enquanto o dinheiro para polícias e militares é aumentado. Isto sem querer dizer que não haja lugar a corte naquelas, uma vez sabermos que os contribuintes não estão dispostos a descontarem para tão grande conta. Contudo, o raciocínio deve ser igual para todos os lados e bem sabemos que temos forças policiais e militares sobredimensionadas.