Vinte, trinta ou mesmo cinquenta euros em falta na conta, pode ser, para alguns, considerado pouco dinheiro. Todavia, para muitos é considerado um degrau a menos na longa escadaria do financiamento mensal.
Bem sabemos que, sobretudo, em época de adversidade como a que o país atravessa, para toda a poupança se encontra justificação. Todavia, tirar àqueles que menos têm, que mais desvalidos se encontram - doença, desemprego, pobreza endémica, entre outros sezões -, não é gestão de um país, mas ser forte com os fracos e fraco perante os fortes.
Numa altura em que não existe sequer financiamento nacional para os projectos de pequena dimensão, isto para já não falar nos de média dimensão, uma vez que os grandes – observe-se o caso da EDP – têm capacidade para se autofinanciarem no estrangeiro, o risco de haver mais gente, a sentir na pele e não só, que não pode fazer frente às necessidades mais básicas é, a cada dia que passa, maior.
Como é óbvio, o país não pode, por mais motivos que invoque, descartar-se destas pessoas, independentemente de algumas não merecerem sequer o ar que respiram, e, sobretudo, assobiar para o lado dando a entender que não tem alternativa. Há que compreender o estado actual do país como uma plataforma que se deve ajustar à realidade nacional, sem, contudo, esquecer que as pessoas não se podem reduzir a meros números.
De uma coisa podemos ter a certeza: nem todas as pessoas podem emigrar, tal como nem todas podem ser empreendedoras de circunstâncias de sucesso. Por isso, não sendo possível e muito menos desejável os casos apontados anteriormente, há que permitir a todos, segundo as suas necessidades mínimas, possuir o que é justo. E, atenção, nada disto tem de política: há mais de dois mil anos já um Homem proclamou e lutou por esta verdade.