Não deixamos os nossos filhos ir ou vir sozinhos da escola com receio de serem assaltados ou vítima de algum pedófilo e, assim, não admira tudo fazermos para, de carro, pois claro (!), os irmos levar e buscar à escola. É só observar o número de carros que, à porta das escolas – no sentido literal do termo –, pela manhã “descarregam” e à tarde esperam pelos alunos.
Por outro lado, muito menos nos lembramos de os enviar ao supermercado da esquina, a fim de comprar um simples quilo de arroz, pois é um perigo terem de atravessar, sem a nossa ajuda, a rua em frente de casa.
De igual modo, jamais nos passa pela cabeça pedirmos-lhes, por exemplo, que vão aos CTT, registar esta carta ou levantar aquela encomenda, pois estamos sempre receosos de que alguém os rapte ou lhes faça mal.
Todavia, não temos qualquer pejo em os deixarmos, desde tenra idade, ir à discoteca e, mais tarde, permitirmos a sua ida a todos ou quase todos os festivais de Verão ou a Loret del Mar, dure o evento três dias ou uma semana.
Superprotegemos os nossos filhos, não os preparamos para a vida, deixando que cresçam autonomamente e responsavelmente, como é óbvio, e depois admiramo-nos com os acontecimentos que, ano após ano, sucedem nesta estância balnear espanhola, como foi o caso desta última Páscoa.