Parar, pensar e decidir são verbos em desuso. Hoje querem-se tomadas de decisão rápidas e, sobretudo, que sejam claramente assertivas, esquecendo aquele velho ditado que diz “depressa e bem não há quem”. Por isso, às vezes, interrogo-me onde vamos parar. A maioria quer representar um papel importante e, nessa ordem de ideias, cria uma personagem – a sua outra imagem, evidentemente – que pode configurar da forma mais diversa, ou seja, seleccionando a forma, o sexo até, o estilo, o tipo de roupa, entre tantos outros itens. É evidente que esta personagem passa por uma nova identidade, só que meramente virtual. Aliás, não é por acaso que a ocacidade é um dado adquirido. Basta ver o êxito dos reality show para ficarmos conscientes desse facto.
Como é óbvio, estes ambientes são adequados para desestimular a aprendizagem, principalmente a de médio e longo prazo, e exponencia os comportamentos desviantes: menor cidadania, diminuição da consciência ambiental e ânsia de dinheiro fácil. Por outro lado, a actuação e tomadas de posição em ambientes críticos - aqueles que não ocorrem todos os dias - fica prejudicada.
Ora, dada a complexidade técnica e cultural que já hoje sentimos e mais se irá agudizar no futuro, é essencial a consciencialização de que só criando, conceptualizando a aprendizagem, desenvolvendo e dinamizando a interacção de conhecimentos se conseguirá um ecossistema mais rico e entusiasmante.
Uma coisa é certa. Como dizem os cientistas sociais, com todo este “admirável” mundo novo, a tese primordial permanece simples de identificar e difícil de resolver: “todas as girafas sabem nadar, a questão é quererem fazê-lo”.