Como país periférico da bacia do Mediterrâneo, cuja identidade cultural bebe muito da própria matriz desse mar que foi berço de várias civilizações e que se afirma em várias vertentes de forte pendor saudosista, Portugal, cujo povo beneficia de boa imagem de hospitalidade, surge agora - não naturalmente como nos querem fazer crer - como destino de partida, enquanto em tempos próximos era precisamente o contrário. Para isso, basta lembrarmo-nos das levas dos ucranianos, moldavos, russos, entre outros povos de cultura eslava, isto sem falar dos provenientes dos PALOP.
As transições políticas e sociais internas que se operaram nas últimas décadas levaram a roturas sociais evidentes. Todavia, apesar de, por vezes, ser vantajoso a procura de oportunidades em outros destinos, as quais, se aliarem segurança aos próprios desejos, serão sempre úteis, há que ter consciência que aquelas, especialmente, as mais atractivas jamais surgirão de mão-beijada, e que somente serão consolidadas se as (con)firmarmos de forma sustentada.
Já agora, em jeito de rodapé, adoro a hospitalidade lusa, uma vez que cada vez mais se notam pessoas que pensam na existência da possibilidade de conseguir algo sem dar nada em troca, i.e., fazem de cada casa deste rincão um autêntico hotel, onde se servem e/ou são servidas sem parcimónia, fazendo jus àquele ditado bem português “levam no papo e no saco” e, por vezes, ainda têm a desdita de, no final, se “levantarem com o santo e com a esmola”.
P.S. – Prometo que, mal tenha oportunidade, coloco on-line os comentários recebidos a propósito dos últimos textos e principalmente do de ontem.