O acordo de Concertação Social que foi assinado hoje entre o Governo, patrões e UGT, sem qualquer dúvida, retira direitos aos trabalhadores com a finalidade de tornar as empresas mais competitivas.
Em resumo, os trabalhadores terão menos dias de férias, o número de feriados desce, o preço e o modo de pagamento do trabalho extraordinário embaratece, é facilitado o despedimento, a gestão do designado banco de horas tornar-se-á mais flexível, entre outras medidas.
Todavia, se é certo que os ventos que sopram não são de feição para os trabalhadores – o desvario de dezenas de anos a isso levou -, também não é menos verdade que a partir deste momento a “bola” passará a estar do lado dos empresários. É que se até aqui estes se queixavam que não tinham condições de competitividade, com as presentes medidas lá se vão os estafados argumentos de que havia forçosamente de baixar os custos do trabalho.
Por isso, é com enorme expectativa que espero ver se os patrões afinal têm ou não “unhas para tocar guitarra”. É que cada vez mais me convenço de que a fraca produtividade dos portugueses – facto indesmentível, por estar largamente comprovado – também, em grande parte, se deve à má preparação gestionária de quem dirige o nosso tecido empresarial. Aliás, não é por acaso, que muitas empresas existem - e a estatística demonstra-o - onde o nível médio de escolaridade/formação dos donos/gestores é inferior à dos respectivos trabalhadores.
O que não me causa qualquer espanto são as tomadas de posição da CGTP e do PCP. Alguém tem dúvida que esta central sindical nunca assinaria um acordo, por mais “suave” que fosse? Já agora, repararam que os comunicados são quase iguais? Porque será?