A questão da culpa que morre sempre solteira é um tema recorrente da nossa linguagem mediática, e mora, no que mais directamente nos atinge, em quem vendeu vales de caixa de caloteiros como produtos financeiros de primeira qualidade.
Nós, em tempo útil, devíamos ter desconfiado – concordamos todos que bem avisados fomos – desses cantos de sereia, muito mais tóxicos que milagrosos, mas prevaleceu o pecado mortal da gula, próprio de quem pensa que as árvores crescem até ao céu.
Em boa verdade, nem as árvores crescem até ao céu, nem um vale de caixa significa que o valor nele declarado irá ser reposto e no prazo prometido. Qualquer merceeiro de aldeia sabe disso e não cai no velho conto do vigário
Não obstante os avisos, foi isto que o PS, durante seis anos, nos andou a fazer. Permitimos que nos vendesse ilusões sem qualquer cobertura da realidade e, convertidos a essa nova religião que se costuma designar por consumismo, deixámo-nos encantar. Como é óbvio, hoje, sem qualquer outra solução – a troika dixit - pagamos todas as dívidas e com língua de palmo.
E alguém que todos bem conhecemos, em vez de andar a passear pelas margens do Sena e admirar os Champs Elysées, devia, sim, estar a responder perante o tribunal.