Ser detentor de uma licenciatura há muito que deixou de ser garantia de plena empregabilidade. As estatísticas há muito que o comprovam e agora voltam a reforçar esta certeza.
E ninguém tem dúvidas, pois é nas habilitações mais altas que o desemprego faz mais vítimas, fundamentalmente naquelas que dão acesso à carreira docente. É que, regra geral, os postos de trabalho que se criam nesta conjuntura adversa são de baixa qualificação e diminutos salários.
Vêm estas palavras a propósito das declarações de Passos Coelho sobre a hipótese de trabalho que os professores futuramente terão, ou seja, aqueles que não pertencem aos quadros, terão de emigrar. Comungando com a ideia de que nem tudo o que é verdade se deve dizer publicamente, principalmente por alguém que ocupa o lugar cimeiro da governação do país, manda a verdade que se diga que também não existem outras opções. Aliás, tal já acontece - e há bastantes anos - com engenheiros, gestores, economistas, enfermeiros, entre outras profissões de topo, sem que tenham havido quaisquer manifestações de condenação.
O azar do primeiro-ministro, no caso dos professores, é serem “liderados” por uma estrutura que “não brinca em serviço” e, por isso, aproveita todos os casos para, desavergonhadamente, explorar até à exaustão, e de forma demagógica, algo que não tem alternativa. Ou melhor, alternativa existe: é ir ao encontro daquilo que se passava na ex-URSS - e ainda presentemente acontece em Cuba - em que todos os trabalhadores eram funcionários públicos, mas pagos com simples senhas de racionamento.