Há homens que, por muita apetência que tenham, jamais chegarão a ser alguém. E, apesar da sofisticação que afirmam possuir, do ar humilde ou aristocrático que, ao se cruzarem connosco, ora apresentam, ora não, do ar sobranceiro que, certas vezes, denotam, por muito que o disfarcem com um comportamento pseudo-democrático, tudo não passa de fogo-fátuo. O saber ser dá muito trabalho e não é por aí que lá vão. Por dentro a vacuidade quase total, externamente ostentam serem uns senhores.
Outra característica é de estarem sempre à volta do poder, servindo-o independentemente da cor. A vacuidade, de que no fundo são formados, leva-os a rastejar, nem que seja por um lugarzito ao sol. No entanto, verdade seja dita, sabem-no fazer com toda a elegância e discrição. Aliás, não é por acaso que enganaram e continuam a enganar meio mundo. Todavia, por vezes, conseguem ter rasgos de coragem, como a seguir são perfeitamente capazes de não se importarem de prestar vassalagem a quem quer que seja. Tudo depende das conveniências do momento.
O charme, que ainda acham possuir, há muito que começou a rarear, pois a idade não perdoa, criando uma insegurança tal que lhes acentua o nervosismo, levando-as ao riso fácil e à adulação quase constante. Têm-se em tão grande conta que não admitem que haja quem não goste.
Por outro lado, a frustração pessoal e profissional, aumenta-lhes, de modo exponencial, o ar desmotivado a que, diga-se em abono da verdade, desde sempre deram provas, por muito que, durante algum tempo, qual canto de sereia, consigam iludir este e aquele.