Quando com três reuniões de “avaliação” intercalar se gasta o tempo que medeia entre as 14H30 e as 20H30, o que acarreta, na maioria dos professores, chegar a casa às 21H30 ou mais, com o consequente jantar que, como é óbvio, já será ceia, que disposição se tem para preparar aulas ou mesmo dá-las no dia seguinte?
Entre participar nestes eventos, com toda a carga burocrática que lhes está subjacente, bem como a inquietação que causam, e ter tempo bastante para, com serenidade e tempo para estudo e pesquisa, preparar adequadamente o ensino do seu “core” disciplinar, qual é preferível? Uma vez que os dois casos são incompatíveis, bem gostaria de ouvir a opinião dos pais e, sobretudo, da comunidade educativa.
O Ministério da Educação e Ciência, especialmente Nuno Crato, não pode ficar imune à continuação do desvario em que se transformou o ensino – atenção que não refiro educação – em Portugal.
Por isso não é de estranhar a saudade de outros tempos. Como afirma Ramiro Marques, na década de 80 só havia 3 reuniões por ano: uma no final de cada período. (…). Não havia planos nem relatórios. Os professores integravam grupos disciplinares coordenados por um delegado de grupo disciplinar eleito. (…). Não havia estatuto da carreira docente nem avaliação de desempenho.
Todavia, infelizmente, muito poucos se podem, efectivamente, queixar já que, quando possuem todos os dados para recusar a “carneirada”, acabam por enfiar a “viola no saco”, tal como a avestruz faz com a cabeça. Um dia destes, ainda os hei-de ver a limpar os WC e a tomar conta dos alunos na cantina e no pátio do recreio. Acreditem que já faltou mais. E não estou a ser pessimista, antes realista.