Ah, pois, as relações. Essas ligações, por vezes tão ténues, qual rio desaguando em deserto, outras tão fortes, mais parecendo velhos penedos inamovíveis. E a verdade é que todos, sem excepção, somos um misto de sistema de relações, cada um de nós com voz distinta dentro deste.
O sistema de relações é, naturalmente, criativo e pleno de recursos. Contudo, as relações, como tudo na vida, têm uma esperança de vida variável. Se terminarem, isso não deverá ser visto como um fracasso, antes como uma oportunidade de averiguar o que está para acontecer.
O sistema relacional deve funcionar como uma orquestra, onde, por um lado, todos são capazes de ler a “partitura”, momento a momento, conferindo a cada membro o tempo de antena requerido sem perder de vista o todo. Por outro, cada um deve revelar-se por si mesmo, mas sem esquecer que, quando é o caso, tem obrigação de “reparar” o sistema ou tratar o que está “mal”. Aliás, não é por acaso que somos possuidores de inteligência e capacidade de auto e heteroregulação.
A crise de valores e perturbação inerente à mudança entretanto gerada, trouxeram oportunidades de reanalisar a qualidade dos sistemas relacionais, nomeadamente onde se geram as dinâmicas transformacionais. Por isso, de acordo com Goleman (1995), é obrigatório congregar um conjunto de metacompetências (atitudes, valores e princípios de acção) de elevada aplicabilidade na construção dos desafios da actualidade, equilibrando aspectos mais formais e normativos com os de cariz mais emocional e intuitivo, a saber: compromisso, respeito consciencialização, democracia profunda, emoções, humor e colaboração/parceria.
Numa conjuntura em que se denota, cada vez mais, uma enorme tendência para a recusa da assumpção de posições, onde a preferência pela incerteza do individualismo é maior que a força do conjunto, torna-se imperativo um maior alinhamento em torno de um “sentimento do nós”, de primazia reforçado e operativo.
E estabelecendo novamente algum paralelismo à volta da orquestra, a melodia do desempenho deverá contar com todas as vozes do sistema, sendo aconselhável menos individualismo, mais partilha e conjugação de esforços em torno de objectivos comuns.