Foram experiências muito intensas, que levaram a adrenalina a níveis muito acima do razoável. Essas experiências foram, depois, interiorizadas pela reflexão e “digeridas” emocionalmente, o que, como é lógico, levaram um certo tempo. Contudo, o verdadeiro impacto vem, na realidade, com o distanciamento da situação, isto é, quando ganhamos consciência sobre o que executámos, o que nos foi proposto, o impacto que tivemos sobre os outros, a imagem que passámos para a audiência e o que fomos naturalmente numa situação de liderança de uma equipa de elevada performance.
Mas não se ficou por aqui. O diagnóstico foi feito, de modo algum tipo relâmpago, sobre o que fomos e o que se fez e tivemos o privilégio de receber feedback de muita gente que, não tendo tido experiência em gestão e liderança, nos disse com naturalidade o que viram e, sobretudo, o que sentiram. E o que é realmente espantoso é o facto de ser tão visível o carácter e o que pudemos fazer de forma diferente. Aprende-se algo muito interessante: não compensa gastar energia em mostrar o que não somos pois aquilo que somos é na realidade visível para todos e em pouco tempo. Portanto, é mais eficaz assumirmos o que somos em, por exemplo, três minutos e passar um ano a trabalhar para isso do que passar um ano a disfarçar o que achamos que os outros não viram.
Parece extremamente simples. Todavia, tal implica fazer uma escolha consciente de exposição pessoal, mas sem a qual não se evolui.
E como líder de uma equipa, foi interessante perceber a evolução com elevada performance? É claro que sim! Foi, aliás, interessante perceber que a evolução depende da vontade conjunta e da cumplicidade gerada, do tempo investido a preparar metas, ou seja, relevar a índole e as regras de comunicação entre todos, o que funciona e não funciona. Foi, por outro lado, igualmente curioso perceber que nos podemos entusiasmar enquanto aprendemos e tiramos partido de estilos diferentes. E ficou muito claro que é possível alguma auto-gestão, mesmo que seja por períodos limitados, mas que a excelência só se atinge mesmo com uma liderança – não apenas gestão – focada nas pessoas, principalmente nos usuários, na forma como chegamos a elas e no significado que temos para elas.
A finalizar, é importante referir que não basta dar uma ideia do “produto”, ou seja, proporcionar apenas uma abordagem criativa, de natureza ensaística e, simultaneamente, metafórica/imagética que perdure na memória durante algum tempo. Quanto muito, esta pode ser utilizada como momento de arranque de um programa estruturado, um momento de pausa para reflexão/avaliação de como estamos ou não em momento de construção, mas nunca como impacto de natureza lúdica ou mesmo como momento de grande pulcritude, pois a envolvente cénica – hoje tão usada! - é tudo muito elegante.
Ter ou não continuidade? Eis a questão! Acima de tudo, o relevante é ser consistente e ser levado muito a sério e, finalmente, ser acompanhado individual e colectivamente para garantir que levamos, em profundidade, o processo de desenvolvimento.