Em 24 de Novembro de 1975 vivíamos tempos extremamente conturbados. As forças de esquerda e, sobretudo, as comandadas pelo PCP, com a conivência de sectores minoritários, mas devidamente instrumentalizados, das forças armadas, avançavam, e a toda a força, a caminho de uma democracia popular. Pretendiam, e por pouco não o conseguiam, implantar uma Cuba neste rectângulo à beira-mar plantado. Aliás, não é por acaso que, infelizmente, a nossa Constituição, no seu preâmbulo, diz que somos um país a caminho do socialismo.
Bem sei que a maioria não se recorda destes dolorosos momentos. Eu, porém, apesar da minha idade, que não provecta, recordo-me perfeitamente. Os ataques à liberdade de expressão, os saneamentos ideológicos, os explosivos nos emissores da RR, a ocupação do República, os ataques bombistas, as brigadas de dinamização cultural que mais não eram que autênticas lavagens ao cérebro, o cerco à AR, entre tantos outros exemplos, eram o pão-nosso de cada dia.
Contudo, no dia seguinte, faz hoje 40 anos, o PREC findou e, consequentemente, a liberdade repôs-se, mercê da força de vontade de um reduto de militares, cientes do pensar da maioria dos portugueses. Estes comandados pelo general Ramalho Eanes e pelo major Jaime Neves repuseram o genuíno espírito do 25 de Abril. Para tal, é justo dizê-lo, contribuiu e muito, entre outras forças políticas, o PS, então liderado por Mário Soares.
Desgraçadamente, este ano, o PS decidiu não se associar às comemorações do 25 de Novembro, com receio de desagradar ao PCP e BE, o que demonstra como se encontra refém da sua esquerda.