Acreditem que não era minha intenção voltar a este assunto. Todavia, os factos e a inércia levaram-me a mudar de opinião. Alguém tem que, de vez em quando, lançar a pedra de modo a agitar as águas deste pântano. Não que queira colocar-me em bicos dos pés, pois outros colocados em pedestais, quais deuses sagrados, com maior propriedade o deveriam fazer. Na ausência destes, entre os quais alguns existem que outrora se apresentavam lestos e presunçosos no uso de uma verve verrinosa, e unicamente por imperativo de consciência eis novamente a aplicação do direito à indignação.
Perifericamente as novidades são escassas para não dizer nulas. Afixam-se apenas convocatórias e cópias de alguma legislação, retirada directamente da folha oficial, as quais permanecem meses e meses a fio, servindo, neste longo espaço de tempo, apenas para confundir e jamais para informar. O ostracismo a que os mais distantes da mesa do poder são votados chega a ser confrangedor.
O conselho geral transitório, pelas importantes funções que, por força da lei, lhe estão acometidas, há muito já deveria ter entrado em funcionamento. Contudo, só agora viu a primeira convocatória para a sua eleição, demonstrando assim a diminuta importância que lhe é dada. Até apetece perguntar: para que se quer um órgão que nos pode vir a fiscalizar? Tendo presente que, pelo menos, até 31 de Maio há-de aprovar o regulamento interno, bem como preparar o acto eleitoral para o cargo de director, está-se mesmo a ver que o há-de fazer à pressa e em cima do joelho. Não importa, dirão vocês, pois, em boa verdade, é o que lhes interessa. Quanto menor for o espaço de tempo, menos possibilidade terão os docentes e não docentes de se organizarem e discutirem assertivamente os seus problemas.
Por outro lado, a avaliação de desempenho docente anda igualmente pelas ruas da amargura. Por exemplo, a lista de relatores já vai na quarta ou quinta versão e garanto-vos que não fica por aqui. É o que resulta quando os assuntos não são analisados em profundidade e onde a emoção se sobrepõe à razão.
Como foi possível o quase total desmantelamento de serviços administrativos de proximidade? Como é possível gerir serviços que não se visita e dos quais se sabe muito pouco? Como é possível ouvir-se amiúde respostas como estas: “não sei. A mim ninguém me disse nada. Desconheço”. Como dizia uma colega “estamos aqui quase em autogestão”.