Mudança é a palavra de ordem nos dias que correm. Contudo, sabe-se que a mudança não se constrói com facilidade. Muitos há para quem a mobilidade profissional e/ou geográfica está fora de causa, sobretudo por razões familiares e de ordem pessoal.
No entanto, para aqueles que procuram arriscar em tempos de crise e tentam mudar o seu modo de vida, a realidade mais presente é terem de lidar com uma baixa nas suas expectativas pessoais, o que, em boa verdade, poucos estão dispostos a tal. Por isso não admira que a maioria das intenções de mudança não se cheguem a concretizar, uma vez que as propostas e/ou incentivos que recebem não vão ao encontro dos seus objectivos.
Por outro lado, a mudança pressupõe obrigatoriamente o mínimo de confiança em si próprio e nos outros. Ora, a confiança é a base de uma relação, seja ela afectiva ou profissional. É isto e não só. É igualmente o alicerce e o cimento da construção do próprio indivíduo, enquanto ser racional. Assim, não estranhamos que quando alguém vê diminuída a sua autoconfiança se deixa sucumbir num destino sem brilho e muito menos com glória, minado pela descrença e pelo medo de arriscar.
Nesta ordem de ideias, “a gestão baseada no medo não é simplesmente uma questão moral, de certo ou errado: é uma questão de eficiência e de resultados” (in Confiança – A chave para o sucesso pessoal e empresarial, de Leila Navarro e José M. Gasalla). E continuam estes autores afirmando que, segundo uma pesquisa realizada no Brasil, 49% dos funcionários de organizações têm medo de dizer o que pensam, incluindo críticas, propostas de mudança, reclamações e ideias. “O medo faz com que as pessoas se fechem, não comuniquem, não arrisquem, não se desenvolvam e não criem. E sem isto não há inovação, não há eficiência competitiva e não há sucesso”.
Nestes locais, cuja realidade nos toca bem de perto, as mudanças não acontecem, uma vez que implicam riscos. Até podem atrair profissionais talentosos, mas estes não tardam em descobrir que correm o risco de sofrer punições caso proponham coisas novas.
Poderão, deste modo, as organizações de hoje manterem-se com uma gestão de ontem? É a questão que deixo à consideração de cada um dos leitores.