É por todos conhecida, nos últimos anos, a crónica falta de professores. Ainda agora, a meados do segundo período, existem à volta de 40 000 alunos que diariamente têm falta de um professor a uma ou a várias disciplinas.
Por outro lado, fala-se, aliás, de cerca de 35 000 docentes que terão de ser “formados” até 2030, com vista a colmatar a actual ausência de docentes bem como daqueles que até lá se irão reformar, ao que se diz à média de 5 000 ao ano.
Como também vem sendo anunciado as escolas superiores encontram-se muito longe de formar, ano após ano, os números em falta, tanto pelos discentes que aí entram como pela capacidade de formação.
Felizmente, começa-se a falar de duas situações com vista a breve prazo resolver a questão em apreço, i.e., proporcionar, no mais curto espaço de tempo, docentes a todos os alunos, o que é um imperativo nacional:
- - Dar pós-formação, breve e q.b., a muitos licenciados cuja formação académica não estava vocacionada para o ensino e que se encontram em condições de trabalho desajustadas e/ou insatisfeitos;
- - Recrutar antigos docentes, os quais se reformaram “novos” – bem sei que este é um conceito algo polémico – e que não se importem de voltar a dar aulas, tal como acontece presentemente com os médicos.
Todavia, como não há bela sem senão, estas questões levantam algumas nuances, para as quais é absolutamente necessário atempar. Vejamos:
- A aludida formação deve ser dada em horário laboral, mas sobretudo pós-laboral. A explicação é simples: ninguém se vai despedir, por muito mal que se encontre, por algo incerto, não sabendo do que viver, apenas para assistir a aulas das 09h00 às 17h00;
- Ter em atenção que a formação pedagógica é importante. Porém, mais relevante é a científica. Aliás, por modéstia o digo, pois sou um mau exemplo, o certo é que iniciei o meu serviço docente – ainda existem dezenas de milhares no activo nas mesmas condições – com base somente na minha habilitação académica. Só dez anos depois efectuei a profissionalização em serviço – concluída com 17 valores - e, como toda a franqueza, não vi que a minha ministração de aulas evoluísse para muito melhor. Nalguns casos até regrediu.
- Os antigos docentes que queiram reintegrar-se no serviço docente não podem ser penalizados fiscalmente, uma vez que estarão a prestar um serviço de primeira necessidade ao país.