
As enormes diferenças de temperatura que se fizeram sentir entre nós nos últimos dias têm afectado todas as pessoas, mas são sobretudo os mais velhos que sofrem e de um modo grave estas brutais alterações climáticas.
Como é evidente nestas zonas, essencialmente rurais, também se fala destas vagas de calor, infelizmente cada vez mais frequentes, bem como a ausência de chuva, levando ao sofrimento hídrico das sementeiras agrícolas e fundamentalmente das videiras.
Umas vezes alinho na cantilena de que a culpa é dos outros, mas noutros momentos «salta-me a tampa» e digo umas quantas verdades, a saber: o abandono do cultivo do milho, batata e feijão, substituído pelo plantio intensivo do kiwi e ultimamente também do abacate, todos eles consumidores extraordinários de água, assim como a não plantação de um pinheiro, mas sim de eucaliptos, outro enorme secador de fontes, uma vez que o dinheiro manda muito mais que a preservação dos ecossistemas. Depois queixam-se …
Vejam apenas este exemplo, algo caricato, mas verdadeiro: em tempos que já lá vão, apanhar pinhas para ajudar a acender a lareira nos meses frios de Inverno era relativamente fácil. Hoje percorrem-se quilómetros e não se consegue encher um saco. Eu que o diga.
publicado por Hernani de J. Pereira às 21:29

Ouve-se com frequência pessoas, da mais diversa índole, proclamarem aos quatro ventos “tenho a minha consciência tranquila, não devo satisfações a ninguém, nada devo a quem quer que seja, sou independente, não dou ouvidos aos que os outros dizem de mim, não falo da vida de ninguém e por isso não admito que tagarelem sobre a minha, a opinião dos outros não me interessa, o que tenho para dizer digo-o de frente e jamais pelas costas, a verdade, doa a quem doer, para mim é fundamental e, por isso, abomino a mentira, a cobardia é execrável e, assim sendo, é uma palavra que não consta do meu dicionário”.
Ora, manda o rigor dizer que, num momento ou noutro, todas as pessoas, sem excepção, têm a consciência pesada, calam-se quando deviam falar e vice-versa, a cobardia é mais frequente que o desejável, mentem amiúde, falam dos outros pelas costas, a opinião pública e, sobretudo, a publicada é-lhes muito importante, em que coragem dá lugar ao medo, fazendo das tripas coração para não ficarem mal na fotografia e, para não me alongar, nem sempre foram autónomas.
publicado por Hernani de J. Pereira às 21:59
A Jornada Mundial de Juventude terminou anteontem. Não podia, como é óbvio, deixar passar este maravilhoso acontecimento sem uma reflexão. Eis, então, o balanço.
Aí foi dito, alto em bom som, que “Cristo é o caminho. Não pára, anda pelas praças, nas margens do lado”. Ora, isso obriga “a Igreja agir no concreto, uma vez que não é um museu de arqueologia”. Nesta ordem de ideias, “o cristão deve ser amor, não amor em abstracto ou platónico, o qual não existe, já que permanece em órbita, mas o amor concreto, aquele que suja as mãos”. Assim sendo, não há menor dúvida que “a Igreja é um lugar para todos, todos, todos”. E reafirma-se, mais uma vez, que “tal como Maria, e como a Capelinha das Aparições, também a Igreja deve ser aberta a todos, todos, todos”.
Por outro lado, ouviu-se, como não podia deixar de ser, um pedido veemente aos jovens para que “não sejam profissionais da digitação compulsiva, mas criadores de novidade”. E “tal como os alpinistas que gostam de subir montanhas costumam dizer que o que importa não é não cair, mas não permanecer caído, pois o que permanece caído reformou-se da vida”. Isso leva a vincar que “o único momento em que é lícito olhar uma pessoa de cima para baixo é para a ajudar a levantar-se”. Por isso, “caríssimos jovens apaguem a TV e abram o Evangelho, deixem o telemóvel e vão ao encontro das pessoas. Os vossos nomes são conhecidos, aparecem nas redes sociais, são processados por algoritmos que associam gostos e preferências. Mas tudo isso não interpela a vossa singularidade, mas a vossa utilidade para pesquisas de mercado”.
“Não vos conformais. É necessário reaprender a importância do caminho. Este exige um ritmo cadenciado, regular, enquanto hoje se vive de emoções rápidas, sensações momentâneas, instintos que duram instantes. Digam não.”
Olhai e vede como se constrói, na minha modesta opinião, um belo texto, apenas citando o extraordinário e extremamente singular Papa Francisco.
publicado por Hernani de J. Pereira às 14:19