Uma pequena aldeia não passa de um microcosmo. O que se passa a nível global, algo semelhante se sente naquela. Existem os pobres, os remediados, classe média e os ricos. Claro que toda esta estratificação é, como em tudo na vida, relativa. Os ricos, aqui, não são multimilionários, bem com o os pobres não são, de modo algum, gente que passa fome.
Todavia, as diferenças continuam a notar-se. Quem nasce de famílias de “bem”, por muito que pouco trabalhe, nada se esforce ou, até, seja estroina, tem o beneplácito da sociedade local, isto em comparação de quem descende de quase indigente, o qual, para progredir na vida, tem que denotar mais insistência e, sobretudo, perseverança e resiliência. Para sair deste estigma, por muito que se esforce, geralmente, não basta uma geração.
Ainda existe, numa aldeia, por muito que negue o contrário, por muito quem não queira olhar para o lado ou não tenha a consciência politica/social para observar tal espírito, um género de sistema de castas. É invisível numa primeira análise, é dissolúvel no marasmo do dia-a-dia e imperecível a quem não conhece os ditames e as meias-palavras. Mas que existe, existe.
Quem, por exemplo, foi um “grande” – mais uma vez alerto para relatividade do termo -produtor de vinho, raramente ou nunca admite alguém que nada teve, de um momento para o outro, possa ter algo “substancial” e se for em escala superior então é inaceitável.