Há dezenas de anos que possuo carta de condução. Em Portugal e no estrangeiro fiz centenas de milhares de quilómetros sem jamais ser penalizado com qualquer multa. Daí possuir uma carta totalmente limpa, facto que a maioria dos concidadãos também se pode orgulhar.
Hoje, porém, fui multado. Não por circular de carro, mas sim por andar de tractor. O assunto explica-se em três penadas: Como amanhã se prevê chuva, resolvi - e penso que bem - colocar um produto anti-míldio nas batatas. Até aqui tudo bem. O pior foi quando, tentativa atrás de tentativa, o estupor do atomizador resolveu não pegar. Única solução: levá-lo à oficina. Uma centena de metros andados e eis que me cruzo com uma brigada da GNR. Viram-me sem o “pirilampo” ligado – pelas 16h00 de um dia pleno de sol que diferença faz? -, sem o “arco” erguido – ia em estrada de alcatrão e o perigo de tombar era nulo ou extremamente reduzido - e, sobretudo, sem o cinto de segurança, eu que não circulava a mais de 20 km/h. De imediato, «alto lá», lá vem um patego a quem podemos sacar mais uns euros. Autêntica caça à multa!!!
Por muito que argumentasse a urgência do caso e a dúvida sobre a aplicação de tais objectos em termos de segurança e obrigatoriedade legal, o certo é que tive de pagar na hora, caso contrário os documentos ficavam confiscados e nem o carro poderia conduzir.
Resumindo, se estivesse em casa a beber umas cervejolas, a dormir, ou a fazer qualquer outra actividade de lazer tudo estaria bem. Estava a trabalhar, produzindo algo para mim, familiares e/ou amigos e, sobretudo, para o país, e … pronto: Toma lá uma multa, paga e não bufes.
Muito mais poderia escrever. O caso é problemático e levanta várias questões (legais e/ou morais). Todavia, sem assumir qualquer atitude cobarde, o melhor é não dizer mais pois, caso contrário, arrisco-me a ter diariamente a polícia à porta. Imaginem o que é transportar lenha dos anexos até casa – distância que não ultrapassa os 50 metros – e ter que baixar o “arco”, a seguir erguê-lo, para um minuto depois ter que o baixar para depois o erguer novamente. As casas erguidas há vinte/trinta anos não contemplavam estes requisitos, isto é, portões com três metros de altura.
Desculpem a linguagem menos prosaica, mas não há tes@o que aguente.