O meu ponto de vista

Maio 29 2020

O debate político tem sido uma miséria confrangedora. Então a nível de educação nem é bom falar. A pandemia tem destas coisas. Ataca também a nível das ideias e, consequentemente, o nível baixa assustadoramente.

Veja-se, por exemplo, o que se passa a nível da Comissão Parlamentar da Educação. Salvo raríssimas e honrosas excepções, a esmagadora maioria dos deputados daquela, em termos de conhecimento real das questões candentes da educação, é de uma pobreza aterradora. Uns, meros políticos, mais ou menos de carreira, formados nessa grande escola que é a “Jota…”, outros “simples” professores seguidistas, os quais nem na sala de professores das escolas por onde passaram alguém deu por eles e os demais de igual ou pior jaez. Não admira que até Tiago Brandão Rodrigues, sem dúvida um dos piores ME do pós 25 de Abril, faça um figurão quando vai a uma sessão da aludida Comissão.

Mas não são apenas os políticos que são devastadoramente maus. Os jornalistas não lhes ficam atrás. Novamente ressalvando uma ou outra excepção, a generalidade arrasta-se pelos corredores dos poder, bajulando tudo o que lhes cheira a poder manter o tacho. Jornalismo de investigação está morto e enterrado. O Sexta às 9, a Ana Leal e outros casos servem para nos mostrar o quanto isto é verdade.

Viram os Prós e Contras da noite da segunda-feira p.p., na RTP? Não? Também não perderam nada. Como se pode organizar uma discussão – revolução digital no ensino - sem a presença daqueles que efectivamente estão no terreno, i.e., os professores? Convidam-se duas directoras de escolas, as quais não dão aulas, um secretário de estado e outro membro, todos desligados da realidade do E@D. Resultado: muitos sorrisos, alusões a sucessos inauditos, imensas loas mútuas, para concluírem que vivemos no melhor dos mundos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 10:49

Maio 28 2020

Não temos emenda e, por isso, acho que estou a mais neste rectângulo à beira-mar plantado. Não é sempre, mas por vezes tenho a nítida sensação que isso é mesmo verdade.

Em primeiro lugar ninguém trabalha mais que nós e respectivos familiares, por muito que passamos a vida no sofá, passeamos ou vemos tudo e mais alguma coisa na televisão, sobretudo a CMTV. Como costumo dizer: com tanta gente a trabalhar incomensuravelmente como é que o país não avança? Aliás, há três coisas que somos sempre os maiores: excesso de trabalho, falta de tempo e escassez de dinheiro.

Agora, falando mais a sério. Sou imensas vezes acusado de trabalhar muito, principalmente no que respeita à agricultura. Embora reconhecendo que alguns dias exagero, pergunto: o que vale mais? Trabalhar demais ou nada fazer? Sim, é que amiúde sou confrontado com o panegírico daqueles que nada fazem, recordando-me daquele conselho “se não atrapalhares já fazes muito”.

Com toda a franqueza vos digo que constato a existência de muitas pessoas, sobretudo homens, que nada fazendo em casa, são motivo de constantes encómios. É caso para dizer: quanto menos fazes, mais gosto de ti.

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:49

Maio 26 2020

O Presidente da República promulgou hoje o diploma que proíbe até 30 de Setembro próximo a realização de festivais. Todavia, mancomunado com o governo, abre a hipótese da realização de alguns eventos, tais como a festa do Avante, numa clara cedência ao PCP. Ora, quando não é possível a realização dos habituais festivais, tais como MeoSudoeste, NosAlive, SuperBock-SuperRock, entre tantos outros, quando existe um forte condicionamento na frequência de actos religiosos, bem como cinemas, centros comerciais e, inclusive de praias, é inadmissível esta excepção. É caso para dizer “assim se vê a força do PC”.

O diploma em causa estabelece que "é proibida, até 30 de setembro de 2020, a realização ao vivo em recintos cobertos ou ao ar livre de festivais e espetáculos de natureza análoga declarados como tais no ato de comunicação feito nos termos do decreto-lei n.º 90/2019, de 05 de junho".

No entanto, "os espetáculos referidos no número anterior podem excecionalmente ter lugar, em recinto coberto ou ao ar livre, com lugar marcado, mediante autorização da IGAC e no respeito pela lotação especificamente definida pela Direção-Geral da Saúde em função das regras de distanciamento físico que sejam adequadas face à evolução da pandemia da doença covid-19".

Já agora, recordo que a Covid-19, em Portugal, até ao momento provocou a morte de 1.342 pessoas num total de 31.007 confirmadas como infectadas, de acordo com o relatório de hoje da Direção-Geral da Saúde (DGS)

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:58
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Maio 24 2020

É um lugar comum mas atrevo-me a anunciá-lo: a vida é feita de desafios, obstáculos, mas também de sonhos. Ora, como é do conhecimento geral, é essa a força motriz que faz com o que o esforço e o trabalho de cada um seja recompensado. Obviamente que o sonho varia de pessoa para pessoa, mas uma coisa é certa, para alguns, como é o caso deste vosso escriba, o sonho é produzir um vinho com marca própria.

O processo inerente à aquisição da vinha já lá vai. Agora, o trabalho árduo, a dedicação, o investimento e a atenção para com aquela, resultarão, estou certo, num produto final único.

Por isso, deixo-vos duas fotos do serviço efectuado na semana que findou, razão mais que suficiente para não vos acompanhar tão de perto como gostaria.

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publicado por Hernani de J. Pereira às 20:39

Maio 19 2020

A inexistência de ética aliada à ausência de vergonha sempre andaram de braço dado na banca e na política. Aliás, não é por caso que a consideração que os banqueiros e os políticos merecem por parte do povo é diminuta para não dizer que é zero.

Vem esta prosa a propósito de uma notícia hoje dada à estampa em que se refere que os administradores do Novo Banco foram os que mais bónus tiveram, muito superiores ao BPI, Santander e BCP, instituições lucrativas. Ora, sabendo que ano após ano aquele banco continua a dar prejuízo, o qual é coberto pelos nossos impostos, não se compreende a distribuição de extraordinária de prémios. Se tivessem lucro, vá lá, agora sugam-nos o suor e acoplam-se com tal?

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:29

Maio 18 2020

De modo algum quero subverter estereótipos e muito menos negar a história. Todavia, muito gostava de provocar uma percepção sintonizada mais com a intempestividade da imaginação do que com as consensualidades tradicionalistas. Bem sei que me falta jeito e arte, mas, por outro lado, muito adorava aprender dos caminhos que percorro a identidade e a alteridade, as quais, como é conhecido, se encontram mutuamente implicadas.

Também não é menos verdade que, por muito que grite, muito pretendo valorizar a vida silenciosa, a paciência subterrânea e a alternativa da contemplação, a alma invisível. Não sou, infelizmente, referência de um território geográfico e jamais serei definição histórica de uma comunidade, por muito que seja simbólica. Igualmente me faltam quesitos para uma plena cidadania activa, génese de originalidades múltiplas, cosmopolita e experimental, centro de atracção e irradiação. Não é por não tentar, é por não poder.

É precisamente pelo que no meu passado permanece activo e operante que continuo a crescer e a robustecer-me. Não à velocidade que desejaria, mas à possível. Todavia, o presente e sobretudo o futuro não irá dar sequência ao irrealizado no passado. Quanto muito tentará compreendê-lo, mas sem entrar em paranóia, género microcosmos denso e esclarecedor.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:41

Maio 15 2020

Por vezes é necessário insistir, insistir, ameaçar até, ou ainda ir a algum lado para tratar de um problema específico. Por muito que nos digam que existem uma multiplicidade de opções, o certo é que só com ameaças concretas, i.e., quando as pessoas sentem – desculpem a linguagem menos prosaica - o rabo bem perto das calças, aprendem e se não fazem o idealmente correcto, pelo menos cumprem o mínimo dos seus deveres.

Sou optimista por natureza e peço desculpa por o repetir à saciedade. Todavia, isso não basta, tal qual não chega possuir um plano devidamente estruturado, uma vez que, quando do lado de lá está alguém disposto a não cumprir o mínimo estabelecido, não há estratégia que valha. Alterem-se as metodologias, usem-se alternativas variadas, apliquem-se as melhores pedagogias que, perante a recusa pura e simples, a “coisa” não dá.

O sucesso está apenas no querer. Podemos sorrir, fazer festas, brincar, falar disto e daquilo, ou seja, podemos produzir tudo e mais alguma coisa - desde lavar o rabo com água-de-colónia e até servir chá com biscoitos - que quando o outro está com o “cu para a porta” nada vale.

A (re)conquista será possível? Claro que sim, tanto mais que enquanto houver vida há esperança e esta é a última a morrer.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:56

Maio 12 2020

Nos últimos anos tenho dormido mal e cada vez é pior. Porém, nada que se compare com agora. Súbita e enorme alteração de hábitos, a ansiedade devido à pandemia do Covid-19 e, sobretudo, a multiplicidade de afectos referente às relações familiares, têm conduzido a que durma muito mal e, ainda por cima, pouco.

É do conhecimento geral que o sono influencia o nosso sistema imunitário, regula o metabolismo, quer pelo equilíbrio da glicose e da insulina, quer pelo balanço entre hormonas da saciedade e do apetite. Então, a sua preponderância sobre o sistema cardiovascular nem é bom falar. De facto, podemos estar muito mais tempo em jejum do que sem dormir.

Dizem os especialistas que devemos dormir quando o sono surge e não o forçar com o objectivo de cumprir as horas recomendadas. O pior é que geralmente a vontade de dormir surge a horas pouco recomendáveis, como, por exemplo, a seguir ao almoço. Ora, o cumprimento do horário lectivo, bem como uma Laurinha de cinco anos impedem este desejo.

Resta o consolo daquelas velhas palavras que dizem: quando morrer terei muito tempo para dormir.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:48

Maio 10 2020

Vivemos tempos de incerteza. Ora, perante os desafios impostos pelo impacto de uma pandemia que está a colocar obstáculos inauditos à vida de todos os cidadãos e à sobrevivência de empresas e famílias, são principalmente estas últimas que se dispõem na linha da frente da batalha que nos une a todos, assegurando - muitas vezes fazendo das tripas coração e fazendo-se de cego, surdo e mudo - o funcionamento da rede mais intrínseca das comunidades, de modo a que o país não pare.

As famílias procuraram e procuram ajustar-se e ainda sem certezas sobre o que as espera ao longo do caminho, seguem em frente, empenhadas em dar o seu contributo para que todos ultrapassem da melhor forma as dificuldades que a conjuntura impõe.

Numa altura em que, em Portugal, decorre ainda a fase preambular de uma crise cuja exacta dimensão é impossível de prever a esta distância, o núcleo familiar, contra tudo e contra todos, encontra-se a afinar estratégias para poder acompanhar as demandas de uma sociedade em mudança. Todos temos consciência de que existem poucas certezas. Não obstante, há sinais de confiança que não devem ser ignorados.

publicado por Hernani de J. Pereira às 10:27

Maio 08 2020

Ultimamente a sonsice tomou conta de alguns dos nossos políticos e, como é óbvio, o caso estende-se às respectivas instituições. Então, depois de Ferro Rodrigues ter dito que “era o que mais faltava usar máscara no 25 de Abril”, para uma semana depois decretar que na AR o uso da dita máscara é terminantemente obrigatório, vem-se agora a saber que tal só é obrigatório quando não se está no uso da palavra.

É claro que não se trata de uma contradição. Longe disso. Para os socialistas as leis são para aplicar mas apenas por alguns. Uma pessoa vai a uma loja comprar produtos para a agricultura e nem sequer o deixam entrar se não usar máscara. E ai se tentar retirá-la. De imediato é expulso. Na AR, no entanto, quando se está de boca fechada usa-se a máscara. Quando toma a palavra e, nessa ordem de ideias, o mais certo é expelir substâncias salivares, incluindo “perdigotos”, retira a máscara. Repito, porém, que de contradição não há nada.

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:55

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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