Nunca os professores trabalharam tanto como agora. Desdobram-se entre reuniões por videoconferência, as quais são marcadas por tudo e por nada, manuseiam plataformas, muitas das quais jamais tinham sequer ouvido falar, e outras pafernálias que, segundo se diz de confidencialidade nada têm, descobrem truques e malabarismos para melhor chegar a palavra e a imagem aos seus alunos, algumas vezes até parecendo líderes as novas seitas religiosas, (re)inventam formas de inovar com o fim de “malsinarem” os seus saberes, quase à semelhança de qualquer vendedor de banha da cobra.
A intenção é excelente. Damos o litro e mais alguma coisa. Transpiramos tecnologia por todos os poros. A qualquer hora do dia marcamos aulas e enviamos os respectivos convites. É com toda a sinceridade que o digo. O pior é o resultado. Se não é nulo, pouco mais é. Tanto sacrifício para depois morrer na praia.
Relativamente aos discentes, então nem é bom falar. Sempre sonolentos, esfregando constantemente os olhos e afirmando que ainda estão em jejum. Quando se descuidam nota-se o pijama ainda vestido e a desordem do quarto é soberana. Alguns, os mais espertos, longe de serem inteligentes, apresentam-se sempre de câmara desligada. Quando lhe pedimos para a ligar a resposta é pronta: “este computador não tem ou está danificada”.
Acreditem que há dois meses jamais me passaria pela cabeça dizer isto: que saudades das aulas presenciais!