Em tempos não muito distantes poucas pessoas havia que não ansiassem pelo fim-de-semana e, sobretudo, pelo domingo. Mesmo a chover, ia-se à missa, almoçava-se fora, passeava-se e/ou faziam-se compras. Víamos e éramos vistos. Agora, em que a segunda é igual à terça, esta igual à quarta e assim sucessivamente, tudo mudou. Bem, diga-se em abono da verdade que, neste momento, o domingo, para mim, é que mais custa a passar, um verdadeiro suplício. Nos outros dias ainda tenho a agricultura para me distrair. Aliás, não é por acaso que já fiz todas as sementeiras: batatas, milho, feijões, abóboras e hortícolas. E não são áreas tipo jardim!
Em suma, estou que nem posso. Só me apetece comer ameixas verdes e gritar às paredes. O dia de hoje resume-se a esta roda (morta): da cozinha para a sala, desta para o escritório, da televisão para o computador, e voltando ao princípio. Espreito, mais vezes que as recomendáveis, o frigorífico, olho pela janela a chuva que cai incessantemente e tento brincar com a filha e/ou neta, as quais também se apresentam, quase diria, letargicamente instaladas no sofá. Não é bem um inferno mas está lá perto.
Quando este bicho, o “conavírus”, como diz a minha Laurinha, acabar, das primeiras coisas que farei é sair, passear, passear e comer um belo peixe grelhado num restaurante à beira-mar. Ah, e comprar roupa para a minha neta. Sim, graças a Deus está crescer a olhos vistos e não há onde comprar, por exemplo, um simples vestido e/ou uns ténis.