Os dias que correm ensinam-nos muito. Em primeiro, a (re)adquirir não a simples paciência, mas de Job. Em segundo, a alavancar soluções que jamais pensaríamos capazes sequer de imaginar, quanto mais de colocar em prática. Em terceiro, a sofrer como jamais pensaríamos vir a padecer.
Não tenho a menor dúvida que já existem famílias que apenas estão juntas uma vez não terem outra solução. Sei de homens que já não suportam as mulheres e vice-versa, de filhos que já não aguentam a constante chamada de atenção dos progenitores, bem como pais cansados de aturarem os desvaneios dos descendentes. Abro um parêntesis para dizer com tristeza que, agora, sim, dão valor à escola, pelo menos no que respeita à guarda diária das crianças e jovens.
Recordem-se, porém, que estamos apenas com duas semanas de quarentena. Imaginem o que será daqui a um, dois ou três meses. Andaremos todos, sem perplexidade, a dar com a cabeça nas paredes. Os outros andarão, não sei por onde e como, a procurar comida. Deus queira que esteja enganado.
Uma coisa é certa: após a ultrapassagem desta pandemia muitos divórcios surgirão e desavenças familiares verão a luz do dia. A não ser que a crise económica associada a toda esta problemática, a qual, segundo os especialistas, afectar-nos-á tanto ou mais que a doença, impeça tal.