O meu ponto de vista

Março 31 2020

Os dias que correm ensinam-nos muito. Em primeiro, a (re)adquirir não a simples paciência, mas de Job. Em segundo, a alavancar soluções que jamais pensaríamos capazes sequer de imaginar, quanto mais de colocar em prática. Em terceiro, a sofrer como jamais pensaríamos vir a padecer.

Não tenho a menor dúvida que já existem famílias que apenas estão juntas uma vez não terem outra solução. Sei de homens que já não suportam as mulheres e vice-versa, de filhos que já não aguentam a constante chamada de atenção dos progenitores, bem como pais cansados de aturarem os desvaneios dos descendentes. Abro um parêntesis para dizer com tristeza que, agora, sim, dão valor à escola, pelo menos no que respeita à guarda diária das crianças e jovens.

Recordem-se, porém, que estamos apenas com duas semanas de quarentena. Imaginem o que será daqui a um, dois ou três meses. Andaremos todos, sem perplexidade, a dar com a cabeça nas paredes. Os outros andarão, não sei por onde e como, a procurar comida. Deus queira que esteja enganado.

Uma coisa é certa: após a ultrapassagem desta pandemia muitos divórcios surgirão e desavenças familiares verão a luz do dia. A não ser que a crise económica associada a toda esta problemática, a qual, segundo os especialistas, afectar-nos-á tanto ou mais que a doença, impeça tal.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:14

Março 27 2020

A sério. Tem sido um enorme dilema. O que fazer no fim-de-semana para não me aborrecer? Como todos bem sabemos, o tédio e o ócio são extraordinariamente aborrecidos. Por isso, tenho dado voltas e voltas à cabeça para descobrir como ficar em casa, mas “contentinho da silva”.

Até que hoje ao participar numa reunião por videoconferência – que bem que isto soa – surgiu a luz, qual orgasmo tardio. Nem mais, nem menos: decorar o local de onde enviarei as mais sugestivas imagens para o mundo. As plantas meio tropicais, meio mediterrânicas, nas laterais ficam bem e dão um ar naif. Por outro lado, pelo menos um quadro de um pintor famoso, mesmo que seja uma cópia manhosa, colocado ao lado de uma estante com muitos livros, pouco importando se foram ou não lidos, também fica sempre bem.

Na próxima semana farei a barba todos os dias. Aftershave e desodorizante, são dispensáveis, uma vez que, pelo que se saiba, estas geringonças ainda não transmitem cheiro. O grande óbice é o cabelo, pois há mais de quinze dias que necessitava de o cortar. Agora … Por falar em cabelo: apostam que daqui a uns meses não faltarão novas tendências nesta área?

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:34

Março 26 2020

Vivemos tempos jamais imaginados. Já não só difíceis, mas sobretudo muito estranhos. Em tempos não muito distantes, um indivíduo que passasse mais que umas horas resfolegado no sofá era considerado um preguiçoso de merd@. Hoje, porém, é apreciado como alguém altamente responsável.

O que ontem era impossível sequer de cogitar, hoje é pretensamente honorável, para amanhã ser motivo de honraria. A questão que coloco é se este “normal” não se estabelecerá como novo paradigma, fazendo deste estado uma condição ad eternum.

publicado por Hernani de J. Pereira às 23:10

Março 23 2020

Eis que está a chegar o que alguns pretensos gurus já prediziam e outros ansiavam: a dispensa física dos professores no sistema de ensino e aprendizagem. Hoje, tal como referi em crónica anterior, alguém veio proclamar de que após esta quarentena, a qual, na melhor das hipóteses, durará pelo menos três meses, tudo ou quase tudo será diferente, incluindo, como é óbvio, o ensino.

Como se tem visto, não existe docente, desde o pré-escolar (!!!) até ao secundário, neste rectângulo à beira-mar plantado que não tente - a isso são obrigados pelas mais diversas “tutelas” - usar uma ou mais ferramentas de comunicação visual à distância. Ora, a utilização de tais instrumentos, os quais dão uma falsa ideia de que os discentes continuam em aulas, dá também ao país uma falsa noção de que é possível ensinar sem a presença física do docente. Aliás, ainda hoje, na Rádio Renascença, pelas 08h25, uma das locutoras ufanamente dizia que o filho estava a concluir o pequeno-almoço, pois daí a pouco ia ter aula de Matemática.

Não escrevo por motivo do meu emprego, pois estou numa fase em que mais ano, menos ano estarei reformado. Falo pela ausência de humanização e sobretudo pela possibilidade de excessiva robotização da vida, começando pelo ensino, princípio básico da nossa existência.

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:06

Março 19 2020

Bem sabemos que vivemos tempos extremamente difíceis. Se até aqui todos ou quase todos concordam, o problema levanta-se o que fazer com os filhos, principalmente aqueles que se encontram em idade escolar.

Pais existem que apenas estão preocupados com a protecção dos seus descendentes, enquanto outros pressionam e muito as escolas para que estes tenham mais e mais materiais de estudo. Assim, no seguimento do meu texto de ontem, confirmo não existir professor que não se sinta “apertado” para usar as mais variadas ferramentas com vista a que os seus alunos “acompanhem” a leccionação dos conteúdos em falta.

Ora, como o correio electrónico e/ou outros meios suportam o envio dos mais diversos materiais, toca a encher os “putos” e os mais crescidos com resmas de páginas em pdf, word, excelpowerpoint, entre outros. Depois toca a “chatear” os pais – espero que somente estes – para o envio dos trabalhos feitos, através das imensas plataformas, as quais muito poucos dominam. E, os mais crescidos, num verdadeiro espírito colaborativo – bem, não era precisamente disto que estávamos à espera? – resolvem os testes em conjunto. As redes sociais servem para alguma coisa!

Como já alguém disse, não tardará muito para que os pais suspirem pelas aulas e comecem a dar o verdadeiro valor aos professores.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:43

Março 18 2020

Quem diria que após tão poucos dias depois da interrupção forçada das actividades lectivas começávamos a ter saudades das aulas? Estou a falar das presenciais, como é óbvio.

É que, com toda a sinceridade, dei início a um processo de revolta interior, não pela incompreensão da necessidade absoluta de isolamento, mas pela imposição da tutela – leia-se ME e Escola -, bem como dos EE, sobre a leccionação dos conteúdos em falta. E não me venham dizer, pela quinquagésima milésima vez que nem os discentes e muito menos os docentes se encontram em férias. Caramba, posso não ser uma sumidade em inteligência, mas, de todo, não sou burro.

E como dizia, não há gato-pingado que não deixe de nos alertar para o facto de concluir a leccionação da matéria planificada aquando da entrança no ano lectivo. Vai daí, surgem, vezes ao dia, as mais variadas ofertas de ferramentas e/ou soluções, as quais, segundo dizem, podem proporcionar o céu e a terra aos nossos alunos, chegando algumas a dizer que até superam as aulas presenciais. Valha-me Deus para aguentar tanta barbaridade.

Vai daí e depois percebemos que alunos existem que não possuem PC, e muito menos Net, em casa. Quanto muito possuem zingarelhos mais ou menos XPTO, tipo smartphones, mas cuja rede nem sempre é constante.

Resultado final: a não ser que haja um milagre, vamos resolver os assuntos através do “velho” email.

publicado por Hernani de J. Pereira às 22:13

Março 15 2020

Como habitualmente costumo dizer, vivemos tempos muito difíceis. E para situações excepcionais, exigem-se soluções igualmente excepcionais. Todavia, nem tudo o que é pedido é devido, tal como diz o ditado popular. Então, pelas redes sociais, pede-se, exige-se, faz-se finca-pé de tudo e de mais alguma coisa, desde a singela sugestão ao mais absurdo que se possa imaginar.

Ainda agora vi um abaixo-assinado para o encerramento de todos os serviços públicos. E quando solicitam o encerramento é a 100%, i.e., zero funcionários. E não cogitem que este pensar é singular. Vejo a pedir tal imensas pessoas formadas, as quais, desculpem o termo, “não pensam”. Ora, sem me querer alongar muito, esta forma de agir, desde já, levanta-me várias questões. Vou dar como exemplo aquele que, de perto mais me toca, i.e., as escolas. E, assim, peço um simples exercício de maginação, ou seja, conjecturem que as escolas encerravam mesmo, tal como acontece ao fim-de-semana. Sem mais delongas, pergunto simplesmente: como receberíamos, então, o ordenado ao final do mês? Como seriam processados os subsídios sociais e as pensões? É que isto não é automático, tipo carregar no botão e pronto!

E já agora, reivindicar o encerramento total dos serviços públicos sem exigir o mesmo para o sector privado é hipocrisia. Assim, vamos parar, por completo, o país? Haja bom senso.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:16

Março 13 2020

Descansem que não vou falar do Covid-19. Hoje dissertarei sobre o que vou fazer durante o fim-de-semana. Presumo que não seja assunto que interesse à maioria dos meus leitores. Todavia, à falta de melhor, aqui vai.

Como já, há cerca de quinze dias, lavrei, apenas agora necessito de fresar e abrir regos. É claro que primeiramente terei de montar a fresa no tractor, algo de que não gosto muito, mas o que tem de ser tem muita força ... Depois de colocar adubo, semearei as batatas de semente, as quais irei hoje à tarde partir. Portanto, ocupação para amanhã terei. No domingo ficarei de quarentena em casa. Ainda estou para decidir se irei à missa.

Na próxima semana, apesar de ainda não ter recebido quaisquer instruções, irei à escola, não digo todos os dias, mas a maioria, uma vez não acreditar que a inspecção ao ensino profissional, programada para iniciar no próximo dia 23, seja suspensa. Imaginem, quando se exigem dados – e não são assim tão poucos quanto isso – desde 2010, o labor que se terá.

Apenas uma nota final: não esqueçam que o verbo açambarcar só se conjuga na primeira pessoa do presente do indicativo. Quando eu açambarco, tu já não o poderás fazer e muito menos ele.

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:20

Março 11 2020

Uma pessoa já não sabe do que falar a não ser do coronavírus. Por muito que queira, todas as conversas e assuntos descambam para este tema. Por um lado, cansa-me, por outro é irresistível. Ainda agora a minha filha, que vive em Coimbra, me disse que se for decretado o encerramento temporário do jardim-escola da minha neta virá para os Banhos, uma vez que o contacto com as pessoas é muito menor.

Uma verdade é certa: por princípio, não necessito de ir ao supermercado. Tenho carne de frango, de porco e outras, bem como batatas, couves, entre outros produtos. Por isso, morrer de fome não temo. De qualquer modo quanto aos produtos de higiene vou abastecer hoje mesmo a dispensa, sem açambarcar, desde já digo.

De repente lembrei-me que a porca que tenho para matar em meados de Abril próximo, irá ser abatida – espero que o PAN não me esteja a ouvir - já esta semana, não vá o Diabo tecê-las.

Já agora, por mera hipótese, imaginemos que as aulas serão interrompidas e quando reatadas serão prolongadas pelo igual tempo. As aulas/exames prolongar-se-ão por Agosto dentro? E as férias? Nada de mal, com excepção dos alunos e respectivos EE. É que, por lei, apenas podemos exigir, no mínimo, o gozo de dez dias de férias por ano. O resto dos dias acumulará para os anos seguintes.

publicado por Hernani de J. Pereira às 15:04

Março 10 2020

Ando cansado e algo confuso. Este ano lectivo não tem parança. Depois de auditoria aos cursos profissionais, surge agora uma inspecção aos mesmos. Caramba, já não basta o Coronavírus para ainda haver mais este arreliamento?

Não é, no que pessoalmente me diz respeito, algo que me tire o sono. Os que me conhecem sabem que não brinco em serviço e, por isso, tenho sempre os dossiers em dia. Mas que incomoda isso é verdade. Todos nós sabemos – por experiência pessoal e profissional sei do que falo – que quando a Inspecção quer, chateia mesmo e encontra sempre - nem que seja um “pintelho” - uma questão a esclarecer e/ou um papel, mesmo que não tenham importância nenhuma, em falta.

Sinceramente, não há pachorra que aguente!

publicado por Hernani de J. Pereira às 13:28

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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