No próximo dia 20, a Assembleia da República (AR) irá, em princípio, aprovar do direito à eutanásia. Digo em princípio, uma vez que a esquerda e extrema-esquerda, hoje maioritária na Parlamento, já disseram que eram esses os seus propósitos. Para início de conversa, direi que não concordo com esta posição, uma vez que, senão toda a esquerda, pelo menos o PS não o declarou explicita nem implicitamente no seu programa eleitoral tal desiderato. Ora, caso o tivesse feito, i.e., de fora clara e concisa, sem tergiversações, estou perfeitamente convencido que o resultado eleitoral tinha sido diferente. Não votei PS, como muito bem sabem, mas conheço muitos socialistas que jamais teriam convertido o seu voto em cor-de-rosa caso soubessem destas nefastas intenções.
Se AR é soberana? Claro que sim. Isso é indiscutível. O problema é os deputados terem sido eleitos de acordo com um programa e, posteriormente exercerem o seu múnus em algo a que legitimamente não lhes foi dado mandato. Esclareço, desde já, que incluo neste rol o PSD, o qual, segundo as últimas notícias vindas a público, se prepara para dar liberdade de voto aos seus deputados, argumentando que se trata de uma questão de consciência. Votei PSD e, como militante li atentamente o respectivo programa - tanto mais que propaganda/aliciamento fiz – e nada vi escrito sobre tal tema.
Como católico e, sobretudo, cristão, acredito que apenas Deus é dono da vida humana, Assim, enquanto pensar deste modo, jamais imaginarei alguém, por muitos sacrifícios/dores que possa estar sujeita, a colocar fim à vida ou a solicitar a outros que o façam. O padecimento é algo, não fruto da criação Divina, mas dos males que o Mundo enferma. Como tal deve servir, independentemente do credo/situação, como expiação. Nascemos a sofrer e, na generalidade, da mesma forma havemos de perecer. No intermédio muitas alegrias temos, tendo sempre presente que estas são bem maiores que aqueles, e, como é lógico, as quais servirão de equilíbrio aos padecimentos. Quando quisermos uma vida apenas provida de felicidade então o nascimento é desnecessário.