É o individualismo a vigorar. Não digo na sua máxima exponência, uma vez acreditar que vá aumentar durante, pelo menos, os próximos dez/vinte anos, mas que está quase nos píncaros não deixa de ser verdade. Tal sintoma, já de si mau, torna-se, no momento actual, algo péssimo, pois proporciona a desnutrição de qualquer malha de solidariedade.
No concreto, a maioria acha-se – o achismo está na moda, pois não há gato pingado que não ache isto e aquilo sobre tudo e sobre todos – plenamente capaz de alcançar a Lua, senão mesmo o Sol. As pessoas situam-se num optimismo superexagerado, em que cogitam que apenas devem sujeitar-se a si próprios. A dependência familiar apenas se efectiva, de vez em quando, e quanto muito em termos financeiros. Então, no concerne a Deus nem é bom falar, uma vez raciocinarem que não necessitam do Divino para nada. Mesmo no aspecto da amizade, por muito que hoje tal conceito esteja arredado do corre-corre dos nossos dias, manda a verdade dizer que conhecemos cada vez mais pessoas, mas, em contraste, contamos cada vez com menos amigos.
Nunca como hoje, as pessoas se sentem como flores de nenúfar, autênticos cristais da Boémia, já que, por tudo e por nada, por dá cá esta palha, se melindram e enxofram. Consequentemente, viram costas e nada mais querem saber. Pensam que são únicos e se auto bastam, ponderando que o dinheiro tudo resolve na vida.