O Ministério da Propaganda, perdão da Educação, anunciou que os professores com mais de 60 anos podem deixar de dar aulas, ficando a desempenhar outras actividades. Antes de mais, deixem-me dizer, desde já, que não acredito na concretização de tal medida, a qual, por agora não passa de mera intenção. A ir para a frente, seriam muitos milhares de professores a necessitarem de serem substituídos e isso, como bem sabemos, representa muitos milhões. Ora, o “Ronaldo” das Finanças não estará, certamente, na disposição de abrir mão destes. E ele é que manda, ainda que digam que menos que antes. Lá iria por água abaixo o superavit que tanta almeja.
E se eu estiver enganado? Suponhamos, então, que a breve prazo o ME produzirá legislação com vista a colocar em prática a aludida medida. Vamos por uma vez, sem exemplo, acreditar na “bondade” dos ocupantes da 5 de Outubro.
E, a ser verdade, repito, como se efectivará tal propósito? Os docentes nessas condições passariam a estar em ocupações de alunos, bibliotecas, salas de alunos, de tarefas e de apoio, bem como nos clubes da mais variada natureza? E isto só para citar alguns exemplos, pois bem sabemos como a criatividade nas escolas, sobretudo neste âmbito, é extraordinária. No fundo passariam a ser pau para toda e qualquer colher, i.e., uns meros tapa-buracos, uns professores faz-de-conta, sem autoridade, mas com muita responsabilidade.
Assim sendo, se for essa a decisão de Tiago Brandão Rodrigues, esse sim um verdadeiro faz-de-conta, então, desde já, declaro a minha recusa. Prefiro mil vezes ser professor de turmas indisciplinadas, ministrar aulas, muitas vezes, sem as mínimas condições, suportar burocracias que não lembram ao Diabo, vergar-me a decisões superiores, algumas delas ao arrepio do mínimo direito de justiça, presenciar reuniões atrás de reuniões onde se chega a discutir o sexo dos anjos, mas onde possuo autoridade – pelo menos aquela que me deixam ter - e sentido do cargo inerente, do que ser um pau-mandado deste ou daquele.