Ao contrário do que se passa em muitos outros países ocidentais, em Portugal as medidas que os governos implementam merece, por parte de uma franja da comunidade, não tão pequena quanto isso, bom acolhimento e considerado coisas de bem. Estes portugueses, na esmagadora maioria, pessoas com baixo poder crítico e uma assertividade reduzida, habituados de há muito – ainda vem do tempo da “outra senhora” – estão formatados a confiarem no que os nossos governantes propalam, a toda a hora, nos meios de comunicação social.
Vem esta prosa em jeito de comentário à acção do governo em instalar três secretarias de Estado no interior do país, ou seja, em Castelo Branco, Guarda e Bragança. Ora, a não existir uma mentalidade em não acreditar em tudo o que, à primeira vista, nos parece bem, tal medida é uma mais valia extraordinária. Todavia, trata-se da mais pura demagogia, à semelhança de tantas outras a que, nos últimos anos, nos vamos acostumando.
As referidas instituições, para além de continuarem a ter todos os seus serviços estacionados em Lisboa, apenas irão contribuir para aumento de despesa. Se não acreditam, vejam os seguintes exemplos: aluguer de novas instalações, maior dispêndio em deslocações, novas contratações de pessoal técnico, tanto o especializado, como o auxiliar, já que o existente na capital não se vai deslocar para o interior, duplas comunicações tecnológicas, entre muitos outros. Mas, o mais grave é a ineficácia total dos poderes ditos descentralizados. Como alguém um dia disse, os secretários de Estado não passam de ajudantes dos respectivos ministros. Assim sendo, semanalmente, senão mais, terão de ir a despacho a Lisboa, uma vez a sua autonomia ser, na maior parte das vezes, escassa para não dizer nula.
É claro que os autarcas ficarão satisfeitos e tecerão loas a tal iniciativa. Pois, pudera, mais vale pouco que nada.