O meu ponto de vista

Abril 09 2019

Há uns séculos atrás, na Idade Média, algo muito bem retrato no filme O Nome da Rosa, baseado no livro homónimo de Umberto Eco, os monges sentavam-se à mesa a copiar, meticulosamente, as escrituras. Segundo a sua hierarquia, seria um monge superior que atribuiria o trabalho a cada um, provavelmente dando a primeira página ao discípulo mais hábil e incumbindo os mais velhos, de mãos trémulas, de lerem e conferirem os erros no final do trabalho.

O certo é que apesar da grande evolução de lá para cá, pouco mudou, i.e., os supervisores continuam a assignar trabalhos aos seus recursos humanos, baseados em perfis, aptidões e experiências.

Se até aqui nada de novo, o resultado altera-se quando se sabe hoje-em-dia que todos os processos da cadeia de valor das instituições enfrentam exigências cada vez mais rigorosos em termos de eficácia, introspecção e conhecimentos necessários à manutenção de vantagens competitivas. Ora, dar sempre o mesmo aos mesmos não acrescenta nada, bem pelo contrário. A determinada altura, mais a curto do que a médio prazo, a inovação passa a rotina e esta descamba em desmotivação, com os naturais inconvenientes daí advenientes.

Por isso, se ouve amiúde que são sempre os mesmos. Ouse-se mudar. Não mudar radicalmente, ou mudar algo para que tudo fique na mesma, mas não ter medo da renovação.

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:22

Abril 08 2019

Não somos mais que um instrumento colocado ao serviço dos outros, pelo que importa constantemente preparar as condições para uma eficiente e racional cooperação. Aliás, de muito pouco adianta queixarmo-nos quando algo não corre como deve ser. Por um lado, por não valer de nada e, por outro, por não haver alternativa. Ou melhor, alternativa há, mas podem ter a certeza que será sempre pior.

É reconhecida a melhoria de produtividade alcançada nos casos em que fazemos para o que nascemos, do que contrariar o destino. Sei que é bonito dizer que somos nós que fazemos o destino. Só que tal não é inteiramente verdade. Mais: está mais longe da verdade do que da mentira. O que acontece é que muitas vezes adoramos iludirmo-nos.

O caminho de uma direcção não é traçado de um momento para o outro, como quem vira o carro para a direita ou para a esquerda. Até aqui, por vezes, tal acarreta imensos transtornos. Agora imaginem a vida. A mudança de vida é lenta, e não sendo imutável, é inexoravelmente certa. Carecemos, pois, de impulsos, uns certos e outros – infelizmente, por muito que custe admitir, os mais comuns – errados. Para além destes, existem circunstâncias e alterações próprias de quem vive e tenta conquistar lugares pouco conhecidos e muito menos dominados.

De uma coisa podemos ter a certeza: jamais devemos olvidar a criação de condições de rejuvenescimento e melhoria. Como se costuma dizer, tropeçar todos tropeçam. O bom e necessário é, depois das constantes quedas, o levantar logo a seguir.

publicado por Hernani de J. Pereira às 14:13

Abril 05 2019

Estamos todos, de há uns tempos a esta parte, mergulhados na certeza da incerteza. Uma incerteza permanente, que se revela quer no dia-a-dia de todos nós individualmente, com a dúvida sobre o aumento dos preços, com mais um amigo desesperado por encontrar um emprego decentemente pago, com implicações directas nas nossas rotinas, quer nas vidas familiares, quer ainda na vida das instituições, com consequências imediatas na falta de confiança geral e no ambiente, que todos dizem diferente.

Ora, esta incerteza não vai desaparecer pelo menos a breve trecho. E para termos pessoas com sucesso estas têm de ser ágeis e flexíveis, adaptando-se. Uma das formas de promover a flexibilidade é comunicar com o coração, ajudando as pessoas a serem livres para expressar os seus anseios e as suas dúvidas.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:43

Abril 04 2019

Todos sabemos que governar é uma tarefa complexa, a qual exige rigor, profissionalismo, espírito de missão, sentido cívico e, sobretudo, uma profunda visão do futuro. Por isso, não admira que quem governe tente importar uma harmonização do pensamento político com as necessidades de desenvolvimento económico e social sustentado, numa óptica de realismo e pragmatismo face aos recursos disponíveis, aliás sempre e eternamente escassos.

Se todos ou quase todos estamos de acordo com o anteriormente exposto, também não é menos verdade que o actual governo imprimiu um sistema endogâmico, a todos os títulos nefasto, como já tive aqui e aqui oportunidade de referir.

Em todas as áreas de governo, coordenações, institutos públicos e fundos dependentes é um enxame de boys and girls de bradar aos céus. Um nomeia os familiares do colega; este por sua vez chama para o seu gabinete e afins os do outro, e assim por diante, sempre com a lógica de confiança, perfil e sentido de responsabilidade, algo que fica sempre bem na lapela de qualquer jovem turco - e não só - ansioso por ascensão social.

Serão apenas os familiares mais ou menos directos dos actuais governantes que possuem aquelas qualificações?

Por outro lado, há quem defenda este estado de coisas afirmando que quando o governo for “à vida” todos os nomeados serão também “despejados”. Em primeiro lugar, tal não é bem assim para todos e, em segundo, mesmo para aqueles que o forem, estes têm direito a um chorudo subsídio de reintegração. Sendo que os pagantes são sempre os do costume.

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:20

Abril 03 2019

A tendência crescente para, a todos os níveis, se passar de um extremo ao outro, i.e., de uma situação onde tudo se paga para a disponibilidade quase gratuita será incomportável e dificilmente produzirá os resultados esperados. Recordo a saúde, o ensino, a justiça e agora os transportes, onde se exige tudo ao preço da chuva, esquecendo que até esta é rara e cada vez mais apetecida.

A primeira vítima será certamente a qualidade, tanto por falta de meios que garantam esta minimamente aceitável, como por estar arreigado a ideia de que tudo o que é grátis não é apreciado.

Indo ao exagero, para uma melhor compreensão, suponhamos que a governança torna todos os seus activos gratuitos. Ora tal, para além de os desvalorizar, hipoteca o futuro a curto prazo e, sobretudo, a médio e a longo. Responder-me-ão que tal se pode contrariar caso se verifiquem fortes e constantes investimentos por parte do Estado, opção que na conjuntura actual parece pouco provável. Não nos podemos esquecer que Mário Centeno não larga “o suculento osso” que é os 0% de défice para o corrente ano, ou mesmo chegar a superavit no próximo.

Face à evidente depreciação de quanto custa os serviços prestados pelo Estado, a propensão será para exigir mais e mais, querendo simultaneamente pagar fiscalmente cada vez menos. Com o ultrapassar, então, o mais que certo estrangulamento. É urgente efectuar a imediata definição política e integrada de objectivos e prioridades. Por outro lado, é também obrigatório exercer uma política pedagógica explicando que é impossível ter tudo e para todos totalmente grátis. Aliás, nem nos regimes colectivistas tal é possível, pois mesmo nestes existem sempre uns que são mais iguais que os outros.

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:28

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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