As designadas fake news, não são, infelizmente, apanágio apenas das redes sociais, onde tudo se coloca independentemente de ser verdade ou não. Há, hoje-em-dia muitos órgãos de comunicação social de referência onde o apego à verdade, à causa de verificar se tal notícia corresponde ou não á verdade é puro sofisma. Por isso, afirmar que apenas ver telejornais ou ler jornais com pergaminhos é sinónimo de saber a verdade é quotidianamente uma falácia.
Ainda ontem, antes da entrevista ao PM, António Costa, a TVI afirmava que os professores num total de 180 dias de trabalho em 2018, já tinham feito 50 de greve. Uma mentira de todo o tamanho, mas que para os telespectadores menos reflexivos e, por isso, mais dados ao imediatismo, os leva a meditar que os docentes são uns malandros e que apenas olham para o seu umbigo. No fundo, já uns privilegiados e que ainda querem mais.
Ora, o certo é que, para além da justa luta, cada um dos docentes no presente ano civil não fez, individualmente, mais que dois dias de greve. Se cada um fez greve quando estava ao serviço aquando das avaliações – a uma reunião aqui, a outra daqui a uma semana, etc., etc. – e se tal permitiu prolongar os seus efeitos durante dias e dias, tal não pode levar à conclusão que todos os docentes estão em greve. Tal desiderato se pode atestar em muitos outros serviços. Vamos a um único exemplo e que até está na ordem do dia: suponhamos que todos os maquinistas da CP fazem greve. Como é lógico não existem comboios a circular. Todavia, apenas uma minoria dos funcionários daquela empresa faz greve. De modo algum se pode inferir que todos os funcionários daquela paralisaram.
Já agora, a citada entrevista foi fofinha, aliás muito fofinha. Aliás, como convinha. António Costa não brinca em serviço e não se sujeita a perguntas incómodas. E os jornalistas o que querem é algo “prime time”.