O meu ponto de vista

Outubro 31 2018

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Muito se tem falado das fake news e estou em crer que ainda muito se irá falar. Já tinham sido importantes na eleição de Trump, bem como no referendo do Brexit, mas agora nas eleições brasileiras o patamar foi elevado a um nível excepcional.

As fontes de chegada da informação até nós são inúmeras: rádio, televisão, imprensa e sobretudo a internet, este novo e imenso veículo globalizante. Somos diariamente bombardeados por inúmeras informações, muitas vezes díspares, o que deixa a grande maioria de pessoas completamente baralhada.

O desafio é sermos capazes de selecionar essa mesma informação por forma a que ela se transforme em conhecimento que possamos utilizar racionalmente. Contudo, as opções são tantas e tão diversificadas que a selecção não é nada fácil. Escolher entre o produto A ou o produto B, entre o candidato X ou o candidato Y, entre a estratégia P ou a estratégia T, quando o invólucro é extraordinariamente apelativo, é muito difícil.

É nas escolas que se gera o conhecimento, mas se não houver qualquer forma de monitorizar a qualidade com que este é transmitido, nunca saberemos se estamos a enveredar pelo caminho certo. Todavia, há quem, com argumentos muito válidos, defenda que a não supervisão de tal é, em si, uma mais-valia, uma vez que, entre outras vantagens, potencia a abertura para a procura do discernimento.

publicado por Hernani de J. Pereira às 09:01

Outubro 29 2018

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Não, não vou falar da eleição de Bolsonaro e muito menos da azia que fez a muitos e da alegria que tal provocou a poucos. Portugueses, entenda-se. Também não vou falar da vitória (in)contestada do FC do Porto e da derrota, esta sim, irrefutável do Benfica. Igualmente não direi palavra sobre Tancosgate, uma vez que os mais altos responsáveis nada souberam, agora ainda menos, e se tiveram conhecimento não compreenderam patavina do que estava escrito num memorando, apesar de serem professores universitários e catedráticos. Porém, sempre direi que rejeito veementemente que me queiram fazer passar por trouxa.

Por conseguinte, irei falar de algo que toca a todos nós, o frio. Foi um Verão longo e extremamente seco. Gozámos à fartazana o calor que tivemos desde Junho até aos finais de outubro. Quatro meses a trabalhar para o bronze. De repente, eis que uma massa de ar polar nos coloca a todos a tiritar. Os agasalhos, cachecóis e outros tais são tirados de imediato, alguns a cheirar a mofo, das gavetas e dos armários. O vento forte e sobretudo gelado empurram-nos para onde haja uma lareira. A minha, por exemplo, esteve ontem a queimar lenha desde as nove até cerca da meia-noite. Agradeceu a minha neta que brincou, brincou em mangas de camisa.

publicado por Hernani de J. Pereira às 09:27

Outubro 25 2018

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Sou o último a desmentir que, desde os bancos da escola, existe o ensinamento e, sobretudo, a aprendizagem da solidariedade. Digo solidariedade no singular, uma vez haver variantes, umas dignas outras nem tanto. Todos sabemos que os discentes de uma turma sabedores que alguém cometeu um erro, na esmagadora maioria, senão a totalidade, manifesta solidariedade com o prevaricador e, nesses termos, não o denuncia. Aliás, nessa ordem de ideias, não nos podemos admirar que, mais tarde, alguns desses mesmos quando já adultos, por exemplo, numa questão de um crime, manifestem uma forte solidariedade para a não denúncia mútua.

Todavia, não é essa solidariedade que preconizo e venho defendendo. O grau crescente de exigência para com os outros e nós próprios, vendo nessa exigência não somente um direito, mas também uma obrigação de contributo positivo para a criação de uma sociedade com sucesso é algo que deveria ser inato a cada um, enquanto usuários, trabalhadores, membros de família, mas também enquanto cidadãos contribuintes que têm forçosamente de pedir maior eficácia a todos, sobretudo à classe política.

A mudança substancial no agir quotidiano pela via da qualidade, multiplicando os bons exemplos, os quais infelizmente vão rareando, deveria ser o pão-nosso de cada dia. Finalmente, enquanto pilar desse esforço, como condição necessária, mas não suficiente, para a afirmação de solidariedade do cidadão para o cidadão, importa que todos assumamos um papel claramente mais interventivo de participação activa na sua construção.

Numa antítese do nosso proverbial sebastianismo, e adaptando um célebre discurso do presidente Kennedy, enquanto cidadãos responsáveis “não perguntemos o que a solidariedade pode fazer por nós, mas antes o que podemos fazer pela consolidação da solidariedade em Portugal”.

publicado por Hernani de J. Pereira às 18:48

Outubro 22 2018

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Todos sabemos como nos devemos relacionar o melhor possível uns com os outros, apesar de no dia-a-dia, por impulso ou abstracção, nem sempre pensarmos na questão. Assiste-se, portanto, a um desenvolvimento inter-relacional nem sempre no sentido de uma verdadeira aproximação à sociedade. Isto por um lado, uma vez que por outro a respectiva consolidação não acontece forçosamente ao nível mais microscópico de cada um de nós, corresponsáveis pela sua afirmação, enquanto simples indivíduos, membros de famílias e comunidades.

Nesta cruzada constante do quotidiano, na forma como cada um de nós o vive (enquanto pessoa, no posto de trabalho, no ambiente familiar, etc.), desenham-se os verdadeiros contornos de construção agregada do edifício comum de cidadania. É, assim, justamente nesta ponte entre o indivíduo e a sociedade, onde se afirmam os nossos valores, que se situa igualmente um dos pontos críticos de amadurecimento do nosso país em matéria de solidariedade. Importa, por isso, reequacionar a forma como os respectivos referenciais - estruturas e políticas – se estabelecem.

Se esta tendência é notória e já demasiado universal, ela redobra, no entanto, de significado quando estamos a falar, como é o nosso caso, de um pequeno país periférico com grandes obstáculos a vencer, os quais só podem ser enfrentados não por fazer muito, mas por fazer bem, melhor que os outros e cada vez melhor.

E desenganem-se aqueles para quem esta reflexão apenas se estende aos grandes e médios aglomerados populacionais, pois tal já se verifica, infelizmente, nos pequenos povoados. Não em termos de tanta grandeza, mas já algo preocupante. 

publicado por Hernani de J. Pereira às 10:55

Outubro 18 2018

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Quem é que acreditou que a função pública só teria um aumento de 50 milhões de euros no próximo ano? Quantia, aliás, que dava somente cerca de 10 euros a cada funcionário, tendo, ainda por cima, o cutelo de ser, em muitíssimos casos, comida pela não mexida nos escalões do IRS.

Em ano de tantas eleições, sobretudo as legislativas, era demasiado pouco! Mário Centeno apesar de querer ficar na história como o ministro das Finanças que levará a défice a níveis nunca vistos – na ordem dos 0,2% -, numa entrevista dada esta semana à TVI afirmou que este número não é cabalístico e de modo algum existe uma fixação obsessiva por este indicador económico.

Por isso, não admira que, hoje, a imprensa venha dizer que, afinal, não existem 50, mas sim 200 milhões para distribuir. Eleições oblige.

publicado por Hernani de J. Pereira às 10:59

Outubro 17 2018

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A recente mudança de cadeiras ministeriais teve vencedores e vencidos, como é próprio da vida. Não interessa para aqui estar a falar de todos os vencedores e muitos menos dos vencidos. Importa, sim, o sinal claro que António Costa quis dar ao não remodelar o ME, Tiago Brandão Rodrigues, alguém cuja falta de casting e sobretudo desgaste é, sem sombra para dúvidas, muito maior que outros que perderam o poiso em S. Bento.

O nosso primeiro, há que o reconhecer, depois de vencer em toda a linha a luta dos professores pela contagem integral do tempo de serviço prestado – culpa dos partidos da esquerda da geringonça e dos seus apaniguados sindicalistas -, quis mostrar à saciedade que, após tal (retumbante) vitória, não podia mexer no seu menino de oiro. Caso contrário, como explicar que depois de um sucesso destes o titular da pasta levasse dois pontapés no dito cujo?

Nomes para tal lugar perfilavam-se desde há muito. Sabe-se que Maria Lurdes Rodrigues de má memória, e até Isabel Alçada, actual assessora do PR, entre outros, estavam muito desejosas de novamente ocupar o lugar na 5 de Outubro. O Costa (não do Castelo), porém, não lhes fez a vontade. Manda quem pode, obedece quem deve.

Todavia, pode ser que um dia destes, senão nas ruas, pelo menos nas urnas as contas lhe saiam furadas.

 

publicado por Hernani de J. Pereira às 10:03

Outubro 16 2018

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Daquilo que já se sabe relativamente ao Orçamento de Estado (OE) para 2019, temos como adquirido que haverá, sem margem para dúvidas, aumento mínimo de pensões, minoração das propinas do ensino superior, manuais gratuitos para todos os discentes até ao 12º ano, independentemente dos seus proventos, diminuição drástica nos passes dos transportes das áreas da Grande Lisboa e do Grande Porto, bem como o aumento da respectiva rede de metropolitanos, construção de novas unidades hospitalares igualmente nestas áreas, entre outras medidas, mas todas dentro da mesma índole.

Está-se bem a ver porquê. Todas elas, se atentarmos bem, dizem respeito a muitos e muitos eleitores. As primeiras de âmbito geral; enquanto que as segundas, de pendor mais local, mas onde vivem senão a maioria, pelo menos uma franja enormemente importante de portugueses. Argumenta-se que em ano eleitoral todos procedem deste modo. Se isto é justificação vou ali e já volto …

Como é evidente, o resto do país serve de paisagem. Porém, se fosse só este incómodo, vá lá que não vai. A questão é que as regiões mais pobres e desfavorecidas pagam para a ostentação dos que vivem no bem-bom. É a lenda dos Robin dos Bosques virada ao avesso.

Ah, já agora, para os professores é zero vírgula zero.

publicado por Hernani de J. Pereira às 15:08

Outubro 13 2018

 

 El Cóndor Pasa - Virgenes del Sol

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:57

Outubro 11 2018

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Serão muitos raros os professores que nunca se queixaram do uso dos telemóveis por parte dos discentes. A esmagadora maioria afirma que não suporta tal “praga” e que é quase impossível dar, hoje-em-dia, uma aula em condições mínimas, sobretudo por causa do abuso na utilização daquela tecnologia.

Como muitas outras invenções, o telemóvel é também uma ferramenta extraordinária. Quando usado com conta peso e medida é de utilidade assombrosa. O problema coloca-se em processos de adição, os quais podem ter consequências nefastas em termos pessoais e de relacionamento social.

A verdade é que a dependência destas novas tecnologias assume-se como um distúrbio comportamental que leva o indivíduo a passar para segundo plano todas as suas responsabilidades pessoais, familiares, sociais e profissionais. Este é um problema já identificado e que tem vindo a merecer cada vez mais a atenção por o mundo fora.

A preocupação constante de estar on-line, mentir sobre o tempo passado na internet e sobre o tipo de conteúdos visualizados, dores musculares e na coluna, aumento de peso, perda de sono, isolamento, carência de hábitos de socialização e de higiene pessoal são alguns sinais de que algo poderá não estar bem.

As pessoas dependentes da internet, sobretudo das redes sociais, tendem a utilizá-las para compensar e aliviar tensão e a depressão, preferindo o prazer temporário obtidos através de relações virtuais a relações emocionais mais significativas.

Daí o chamar a atenção dos pais, uma vez que esta questão não diz respeito apenas à sala de aula. Se aqueles permitirem, por exemplo, que o telemóvel faça parte da mesa tal como o prato, então não existe escola que resista por mais atractiva que seja. 

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:18

Outubro 10 2018

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Segundo DN-online de hoje, “alunos do 5.º ano de escolaridade da Escola Básica Francisco Torrinha, no Porto, terão recebido uma «ficha sociodemográfica», onde é perguntado se sentem mais atraídos por homens, mulheres ou ambos. O Ministério da Educação abriu um inquérito para investigar a situação. A imagem do inquérito tornou-se viral nas redes sociais, suscitando centenas de comentários a condenar as questões.

«O Ministério da Educação não conhecia o inquérito em questão. Sabe-se para já que é um caso isolado e está a apurar informação junto do estabelecimento escolar em causa», revela ao DN o gabinete de comunicação do Ministério da Educação.

Ora, não se sabe se tal questionário foi de iniciativa de um único professor, de um grupo ou da escola inteira. Independentemente do que não se sabe, o certo é que se trata de uma estupidez. Perguntar a alunos, alguns de nove, repito nove anos, é prova de ausência do mínimo bom-senso. Para mais numa época em que todos e mais alguns, desde que usam fraldas, usam e abusam do telemóvel. Como seria de esperar, um deles, pelo menos, fotografou o dito documento e o respectivo encarregado de educação encarregou-se de espalhar tal pelas redes sociais.

Continuo a dizer o que sempre disse: é preferível pecar por defeito do que por excesso. O querer saber tudo e mais alguma coisa pode, em determinadas circunstâncias, ser muito útil, mas na maior parte é completamente contraproducente.

publicado por Hernani de J. Pereira às 13:30

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
hernani.pereira@sapo.pt
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