O meu ponto de vista

Setembro 27 2018

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A noção de valor tem vindo a ser ligado e usado em diferentes situações e contextos, desde há muito tempo, mas com maior ênfase nos últimos três anos. Ultimamente tem sido dado um maior destaque, dadas as crescentes exigências de melhoria de competitividade que as instituições estatais enfrentam - sobretudo as de índole governamental, propriamente dito -, neste mundo cada vez mais global onde nos inserimos.

Os desafios que hoje se colocam às ditas instituições, principalmente as segundas, repito, e aos seus directos responsáveis são cada vez maiores e por isso as acções a desenvolver, nos domínios da gestão, devem ser guiadas por culturas e formas de estar que contribuam para gerar mais-valias no desempenho daquelas.

Ligado, durante muito tempo, a alguns indicadores com que os responsáveis avaliavam, de forma periódica, a performance económica-financeira do país, designadamente através dos valores acrescentados brutos e líquidos, sendo certo, porém, que outros valores – qualidade de vida, respeito pelos outros, maior liberdade de pensamento e de acção - eram tidos em linha de conta e, nessa ordem de ideias, a avaliação final não dizia apenas respeito àqueles itens.

Ora, os tempos mudaram. Infelizmente, acrescento eu. Assim, não admira que nos dias de hoje apenas se olhe para os números e se pense muito mais com a carteira do que com a razão. Olha-se para um défice zero ou muito perto disso e está tudo bem. Ou melhor, está excelente, pelo menos para alguns. Daí não nos surpreendermos com a sobranceria de António Costa (e Mário Centeno), como ainda ontem o demonstrou, de forma inequívoca, na AR. Os indicadores económicos vão de vento em popa e, por isso, nada importa se se honra ou não a palavra dada.

publicado por Hernani de J. Pereira às 11:14

Setembro 26 2018

 

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Para cada um de nós, o bem-estar tem um significado, mas existem pressupostos comuns: a hereditariedade, o meio ambiente, o cuidado com a saúde e o estilo de saúde. Alguns destes elementos não dependem, como é óbvio, da nossa vontade, mas podemos tomar algumas decisões que nos ajudem a alcança-los, nomeadamente: escolher um bom local para morar, fazer exercício físico (zelar pela aparência), criar laços de amizade, conseguir um bom emprego, seguir uma alimentação equilibrada, entre muitos outros aspectos.

As necessidades mudam com o tempo. A qualidade de vida tem a ver com três componentes fundamentais que, por vezes, se confundem entre si: níveis de vida, condições de vida e a qualidade do ambiente. A primeira tem a ver com o acesso a bens de consumo, serviços e com a cultura de cada um. As condições de vida estão relacionadas com a organização da sociedade em termos de transportes, saúde, educação e se eu gosto ou não de viver aqui, se sou ou não capaz de viver aqui, se sou não capaz de me envolver com a minha família, numa construção da própria sociedade e com os grupos com quem gosto de trabalhar na defesa de valores comuns. Por fim, a qualidade de ambiente, porque o Homem é destruidor-mor deste bem precioso, facto que deve ser alterado.

Estas três componentes, anteriormente abordadas, constituem um desafio permanente pois é muito difícil construir um equilíbrio. Por exemplo, quando se constrói uma escola, um hospital ou outra estrutura similar melhora-se as condições de vida mas, por outro lado, agride-se as condições ambientais com o ruído e com a libertação de gazes tóxicos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 13:30

Setembro 25 2018

Para lá do arcaísmo da linguagem, o cerne do caminho que traço diariamente permanece inalterável nas iniciativas nas áreas do ensino, da solidariedade e da cultura. Esta perpétua operação de rasgar horizontes a que as expressões culturais me conduzem – porque me interpelam, desafiam, comovem, deslumbram e consolam – não é apenas em si mesma uma obra avulsa, mas promove muitas outras.

Não só me faz bem, pelo prazer da experiência de assistir a um concerto ou observar uma tela, mas dota-me de maiores competências para fazer o certo. A passagem do tempo não deitou por terra a sua perene urgência, nem tão-pouco desgastou o seu prazer apaziguador, apenas as moldou às distintas exigências das diferentes épocas.

Uma persistência que funda as suas raízes também na condução do dia-a-dia, na irrevogável certeza de que o ensino nos fornece, a todos sem excepção, as mais valiosas ferramentas para o cumprimento das seculares máximas, como as de “ensinar os simples de coração”, “dar bom conselho” ou “confortar o outro”.

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:05

Setembro 24 2018

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Quando lhe convém, este governo promete o céu, a terra e até os arredores. Acalma as hostes, fica bem na fotografia e, na maior parte das vezes, recebe múltiplos aplausos. No fundo, as pessoas, tal como no passado e assim será no futuro, iludem-se com as falácias, aprazem-se com as promessas e lá vão deixando passar a onda. É evidente que não são todas, mas a maioria, por muito que o negue, segue este raciocínio. Por muito que digamos mal dos políticos/governantes, o certo é que ainda há muito “respeitinho” pela palavra de um ministro e ainda mais se for primeiro dos primeiros, fruto ainda de uma longa ditadura e de uma democracia muito recente.

Geralmente esta forma de gerir um país designa-se de populismo. Todavia, no caso do actual governo, mercê de ter nascido com o dito cujo virado para a Lua, por muito que prometa e depois não cumpra, poucos são os que o apelidam de demagógico.

Vejam-se apenas dois exemplos. Prometeu, quando lhe convinha – vai fazer para Novembro próximo, um ano -, a contagem de todo o tempo de serviço congelado aos professores. Agora, dando o dito pelo não-dito, afirma que apenas prometeu o descongelamento das progressões e que é impossível satisfazer as (justas) reivindicações dos docentes.

Outro caso paradigmático. Asseverou, sem estudar devidamente as consequências, ou seja, tendo por base apenas uma ideia repentista, que o Infarmed iria para o Porto. A não ser os respectivos funcionários, cuja vida pessoal e familiar viram, de um momento para o outro, completamente ameaçada, bem como alguns comentadores mais avisados, a maioria bateu palmas rejubilando de deleite. Agora, o ministro da Saúde, sem reconhecer que errou clamorosamente, tentando passar as culpas para os outros e ensaiando uma fuga entre os pingos da chuva, vem dizer que afinal aquele já não vai para a Invicta.

 

publicado por Hernani de J. Pereira às 21:24

Setembro 20 2018

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Ontem falei da caridade. Hoje, porém, prosarei sobre a misericórdia. Esta, numa definição muito simplista, é a busca de uma relação verdadeira com aquilo que existe. A civilização que temos vindo a desenvolver caracteriza-se, cada vez mais e infelizmente, pelo que é material e, por isso, a cada um de nós está associado uma quantidade enorme de materiais a que uma sociedade de pastores ou caçadores não tinha acesso.

A misericórdia é algo que está em contínua conquista e sendo excelente é inatingível. Viemos de um passado agrícola/conservador e estamos a aprender como agir numa sociedade avançada. Só que o fazemos mais com a razão do que com o coração. Por outro lado, temos de convir que o alvo a atingir não está parado no tempo, move-se constantemente. Assim, o que interessa é o esforço de aproximação ao outro, com a finalidade de não podermos continuar a sermos alguém com o futuro eternamente adiado.

O presente e o futuro, o curto e o longo prazo, começam ao mesmo tempo e competem entre si, cuja solução passa, sem sombra para dúvidas, pela misericórdia. Isto porque todas as sociedades devem ser, por definição, sociedades constituídas por Homens misericordiosos, uma vez que as pessoas que não praticam a comiseração já se encontram mortos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 13:16

Setembro 19 2018

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Ouve-se, hoje-em-dia, imensas vezes que vivemos num admirável mundo novo. Todavia, é conveniente não nos perdermos neste mundo, onde a ciência e o desenvolvimento tecnológico parecem querer abarcar todas as respostas para os problemas sociais, chegando-se, em determinadas ocasiões, a pensar que até irão mesmo colmatar as falhas humanas.

Mais vezes que as desejáveis temos dificuldades em ver quando nos estamos a afastar do essencial, daquilo que faz a diferença através da palavra, do gesto e da consolação, enfim da libertação do Homem. Isto para além daquilo que é o garante da dignidade humana e da celebração do outro à nossa imagem, ou seja, o princípio da caridade no seu sentido mais lato.

Assistimos infelizmente a um menosprezo cultural do papel da caridade como se tratasse de uma palavra incómoda perante o poder das novas tecnologias na resolução dos problemas da humanidade. Não tenho a menor dúvida que a ciência, a investigação e os avanços tecnológicos são expressões maravilhosas de génio humano, da sua capacidade de procurar as melhores soluções para os problemas com que nos deparamos ao longo dos nossos caminhos.

Ora, apesar desta elevação em termos de erudição científica, não nos podemos esquecer de que na base da compreensão do outro está a forma com empatizamos com ele e nos reconhecemos como fazendo parte do projecto comum da família humana. Eis, pois, onde reside a nossa capacidade em contemplar o mistério da caridade. Assim, relembro Tiago (2:14-18): tu tens a fé, e eu tenho as obras; mostra-me a tua fé sem as tuas obras, e eu te mostrarei a minha fé pelas minhas obras.

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:02

Setembro 14 2018

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Muito se tem falado ultimamente em progressões. Ser promovido e ver o mérito do seu desempenho reconhecido dentro da instituição é a aspiração de qualquer profissional, sobretudo se isso implicar um acréscimo de renumeração e outros benefícios extrassalariais.

Estão enganados, porém, aqueles que pensam que evolução ascendente é a única forma de progressão profissional. Não quero dizer que esta não seja imensamente importante e longe de mim desvalorizá-la. Aliás, nos últimos dias muitas têm sido as notícias, senão completamente falsas, pelo menos lidas e divulgadas com enorme enviesamento, como o único propósito de desvalorizar, achincalhar mesmo, a justa luta dos docentes.

Voltando ao cerne deste texto, pergunto se já ouviu falar de “crescimento lateral”? A sua avaliação anual de desempenho foi óptima, os objectivos foram plenamente alcançados e em seu redor conseguiu cimentar uma equipa motivada e comprometida com a missão da organização. Como recompensa, os seus líderes oferecem-lhe um novo desafio de carreira, noutra área que não aquela onde habitualmente exerce funções. Em suma, encaro-o como uma promoção?

Os especialistas em organização de trabalho dizem que o deve fazer, até porque é importante considerar sempre outras alternativas de evolução, entre as quais a mudança de área. Os estudiosos desta temática enfatizam que evoluir e progredir não é ser promovido. É ser mais competente e mais feliz profissionalmente e isso pode ser alcançado por vários caminhos.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:52

Setembro 09 2018

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Não têm sido fáceis estes últimos dias. Múltiplas solicitações, divergências de opinião e sobretudo de conduta, isto para não falar da não estimação e da muita, mas mesmo muita, falta de consideração.

A crise de valores que a sociedade atravessa cria, na minha modesta opinião, uma séria dificuldade para as gerações actuais e principalmente para as vindouras, uma vez o ser humano, desde sempre, ter precisado – hoje-em-dia cada vez mais - de referências. Ora, se as perder ou não as (re)encontrar, constrói-as a seu belo prazer e, como sabemos da história recente, nem sempre em prol de um bem maior e comum.

A confiança conquista-se num processo, como a reputação. Mas desfaz-se com um (mau) comportamento. Não é possível confundir legalidade com moralidade. As pessoas podem não infringir a lei e mesmo assim estar a cometer uma imoralidade. E o ditado popular que “mais vale ser que parecer” aplica-se, hoje como ontem, a quem, muitas vezes opta por ganhar a vida, mesmo perdendo a alma.

publicado por Hernani de J. Pereira às 19:07

Setembro 02 2018

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Inicia-se um novo ano lectivo e começa-se a pensar, de imediato e quase automaticamente, em pedagogias e estratégias, mesmo que não sejam tão novadoras quanto desejava.

Todos sabemos que o processo de aprendizagem é complexo e longo e, sobretudo, diferente para cada indivíduo. De modo algum se limita à memorização. Aliás, esta é uma pequena parte de todo o processo de aprendizagem. Conhecer este, interioriza-lo até, é saber como ensinar de forma inspiradora.

Por todas estas razões, o sucesso do ensino só pode ser obtido através de pessoas únicas e também inspiradoras. Ser docente é ter uma enorme responsabilidade para com as famílias, mas acima de tudo para com todas e cada uma das crianças e jovens que lhe são entregues e que querem aprender uma nova forma de raciocinar, utilizando todo o seu potencial e, naturalmente, obtendo resultados positivos.

Ser professor é acreditar que todos podem aprender e que ninguém, desde que o queira, desde que deseje, repito, deve ficar para trás. Através de diagnósticos permanentes, os quais não têm de ser obrigatoriamente passados a escrito, um docente, na verdadeira acepção da palavra, criará planos de aprendizagem personalizados, tanto quanto possível, para cada um. Afinal, comummente, todos concordamos que não existem dois alunos iguais.

publicado por Hernani de J. Pereira às 20:14

Análise do quotidiano com a máxima verticalidade e independência possível.
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