
Não gosto de ter razão antes do tempo. Todavia, a notícia de hoje afirmando que “a França se encontra a um passo de proibir os telemóveis nas escolas” avivou-me a memória sobre aquilo que há muito venho pugnando. As últimas novidades em TIC (smartphones, iphones, tablets, entre outras) à mão de semear, se, por um lado, têm contribuído para estarmos quase constantemente em contacto com o mundo mais próximo e o mais longínquo, têm, por outro, a enorme desvantagem da (extrema) dependência. Aliás, não é por acaso que existem psiquiatras a proclamarem que o telemóvel é a droga dos tempos de hoje. Imensas pessoas existem que, antes de dormir, a última coisa que sentem é o “carinho” do telemóvel, tal como ao acordar é a primeira sensação que registam.
Todos sabemos que a esmagadora maioria da sociedade sofreu, nos últimos anos, as agruras da crise económica. Contudo, a referida adversidade não atingiu todos por igual. Por exemplo, alguns sectores, muito poucos, aliás, passaram entre os pingos da aludida crise, ou sejam foram imunes à aludida crise. Falo do sector que vive à conta dos telemóveis. Pode não haver dinheiro para comer, estudar ou até vestir. Porém, possuir um telemóvel de última geração e usá-lo quase 24 horas por dia é norma indispensável.
Como anteriormente dizia, imunes à crise e em total contraciclo com a conjuntura económica, as TIC que operam em Portugal, ou a partir de Portugal para o mundo, continuam em alta e têm já metas muito bem definidas para os anos vindouros: sempre a crescer e acima do que mais imaginamos.
Nas escolas, sendo impossível ter Net zero - basta lembrarmo-nos que os sumários e grande parte das aulas são impossíveis de decorrer sem recurso a esta ferramenta – há que implementar, sem margens para dúvidas, o uso nulo daqueles dispositivos por parte dos discentes, não só durante as aulas como durante todo o tempo que passam na escola. E há dispositivos electrónicos, não muitos caros, que impedem isso. A questão de uma urgência não se coloca já que não há escola sem comunicações externas e internas. Mais: como era há trinta, quarenta ou mais anos?
Não basta estar escrito no RI a proibição do telemóvel na sala de aula. É absolutamente necessário dizer-se que o uso da mencionada Net é uso exclusivo dos docentes, ao contrário do que hoje acontece em que os uns e outros têm acesso às mesmas passwords, com todos os inconvenientes daí advenientes e que me escuso de enumerar.
Em tempos que já lá vão, quando nos encontrávamos uns com os outros falávamos, discutíamos e, por vezes, irávamo-nos. Hoje, os nossos jovens, teclam. Sozinhos, é claro!