O vinho mais que uma bebida é uma paixão. É para a esmagadora maioria dos portugueses o ponto de encontro onde se revêm. Por isso, não admira que aprendamos a beber vinho em casa desde novos. Todavia, saliente-se que, para além de paixão, é também moderação.
Nos últimos anos vencemos a batalha da qualidade. E estamos a avançar na apresentação do produto, como são exemplos o caso dos rótulos, rolhas, tipo de garrafa, entre outros. Já agora sabem que 70 % dos nossos vinhos são vendidos em hipermercados e principalmente a homens?
Um outro aspecto a reter nesta matéria é o profissionalismo. Somos óptimos a produzir, mas depois não sabemos comercializar. E, como é do conhecimento geral, o que não se promove não se vende. Por exemplo, ainda há relativamente pouco tempo, num supermercado da capital londrina, os únicos vinhos portugueses à venda eram o verde e o do Porto. Maduros, brancos e/ou tintos, sejam eles do Douro, Bairrada, Alentejo, etc., pura e simplesmente não existiam. Contudo vinhos do Chile, Austrália e de Itália, só para citar alguns países, eram prateleiras cheias.
Uma outra curiosidade. O Marquês de Pombal demarcou o Douro para o fabrico de vinho licoroso. Aliás, foi a primeira região vitivinícola do mundo a ser demarcada. Porém, ele sabia que esse vinho também se podia produzir na região de Oeiras, da qual era conde. Então, quando aprovou o Vinho do Porto determinou que somente as uvas da região do Douro é que podiam entrar, sob pena de morte. Houve até casos de enforcamentos. Mas como não há bela sem senão, abriu uma única excepção: as uvas de Carcavelos. Se assim podemos dizer, foi uma corrupção ensaiada pelo próprio governante, uma vez que foi juiz em causa própria, i.e., fez uma lei em que podia vender as suas uvas para uma região onde elas valiam dez vezes mais.