Num tempo em que de manhã é Outono, à tarde quase Verão e à noite Inverno, sem que se vislumbre a Primavera, não admira suspirarmos por outros ares. Assim, impõem-se as saudades do Verão, de modo a que, ainda que subjectivamente, possamos apreciarmos tudo o que de bom a vida nos tem para dar.
E proclamar nostalgias do Verão, que nunca mais chega, é falar do campo e mar, de ruralidade - com as suas festividades e manifestações mais ou menos naïfs -, sem esquecer o urbanismo citadino que também nos atrai e tem o seu encanto.
Já agora, a melancolia que este tempo nos dá leva-nos para longe do cosmopolitismo e do romantismo. Porém, como o contraditório é uma marca indelével no nosso quotidiano, tal também nos traz a reflexão sobre o realismo, a história e a modernidade, a tradição e a inovação.
Residentes ou simplesmente de passagem por este “canto” importa possuir uma faceta multifacetada e cativante de modo a ver o óptimo onde a maioria observa o péssimo. Por isso, é sempre possível deixar-se seduzir por tudo o que nos rodeia e simultaneamente fazer história a cada esquina que dobramos, renovando, deste modo, a paisagem a cada passo, mesmo que entre vales e colinas não consigamos enxergar o mar.