Como se costuma dizer desde o tempo dos romanos “à mulher de César não basta ser séria, é necessário parecê-lo”. Tenho Mário Centeno, ministro das Finanças, como homem sério. Porém, correu um enormíssimo risco ao solicitar dois bilhetes VIP para assistir, no Estádio da Luz, ao Benfica-Porto. Pode invocar todos os argumentos e mais alguns, o que é certo é que tal gesto não lhe assentou bem e foi malvisto pela maioria dos portugueses, tanto mais que este clube tem largo e vastíssimo historial de contencioso com o fisco, cuja máquina é dirigida por aquele governante. E como não existem almoços grátis ...
É evidente que, quando dias depois uma das empresas de um filho do presidente do Benfica se safou de um grande imbróglio fiscal, não admira que as pessoas somem dois mais dois e olhem para o resultado.
Mais grave ainda é uma parte substancial dos boys do PS, como seja, por exemplo, o deputado Porfírio Silva, vir a terreno defender “que se houver investigação a Mário Centeno, a procuradora-geral da República deve demitir-se”. É o completo delírio e a prova provada da inexistência de limites de bom sendo e, sobretudo, a negação da separação dos poderes consagrados na Constituição, por parte das estruturas do Largo do Rato.